A situação brasileira no que se refere à corrupção é desanimadora. Embora exista o milagre chamado Lava-Jato, entendo que várias forças querem enterrá-la. O melhor é voltar à infância quando as mazelas não existiam( se existiam, eu não sabia). Hoje, tenho que acreditar que ainda  existem no País corações puros. O meu continua firme, puro, esperançoso. Vem à lembrança a poesia de Guilherme de Almeida, dos meus tempos de criança.

Coração

Lembrança, quanta lembrança
Dos tempos que já lá vão!
Minha vida de criança,
Minha bolha de sabão!

Infância, que sorte cega,
Que ventania cruel,
Que enxurrada te carrega,
Meu barquinho de papel?

Como vais, como te apartas,
E que sozinho que estou!
Ó meu castelo de cartas,
Quem foi que te derrubou?

Tudo muda, tudo passa
Neste mundo de ilusão;
Vai para o céu a fumaça,
Fica na terra o carvão.

Mas sempre, sem que te iludas,
Cantando num mesmo tom,
Só tu, coração, não mudas,
Porque és puro e porque és bom!

Guilherme de Almeida
(1890-1969)