Efêmero, de origem grega, significa algo que dura apenas um
dia. A palavra parece representar a nossa realidade, tal a rapidez
com que as coisas acontecem na atualidade. Rodrigo Godoy
retornou recentemente de um curso na Singularity University, no
Vale do Silício. O curso trata de inovações disruptivas que virão
baseadas em um conjunto de tecnologias que, combinadas,
mudarão para melhor a vida humana. Voltou entusiasmado com
as possibilidades que se apresentam.
No campo da gestão, a prática japonesa já pregava os conceitos
de Kaizen( melhoria contínua) e Kaikaku (melhorias radicais). De
acordo com a dinâmica atual de melhorias exponenciais, o
Kaizen acaba ficando em segundo plano. É o Kaikaku que dita a
regra do jogo. Uma consequência é a mudança radical do
Planejamento Estratégico tradicional, em que as empresas ainda
gastam tempo e energia elucubrando sobre o futuro. Como
certamente aparecerão produtos, serviços e atividades
impensáveis, o negócio é ter uma visão mais pragmática do
mercado, planejar as poucas atividades prioritárias de curto
prazo e realizar revisões periódicas da visão.
Em termos de ensino, estamos formando os estudantes como se
as coisas fossem estáticas. Porém, precisam estar “preparados”
para profissões que ainda não existem. Então, deveríamos nos
concentrar em fundamentos científicos imutáveis e estimular
atividades voltadas à criatividade. Na medicina, propagam-se
tecnologias revolucionárias, como o estudo do microbioma e a
terapia genética, que podem elevar a média da expectativa de
vida humana a 120 anos, ainda neste século.
No campo da energia, tenho que admitir que fomos impiedosos
com Dilma Rousseff, quando ela disse que ainda não tínhamos
tecnologia para estocar o vento. Provavelmente, queria dizer
que não havia meios para armazenar a energia proveniente da

geração eólica. A verdade é que, sim, teremos essa tecnologia
em poucos anos, as super baterias de lítio-ion, uma evolução das
pequenas que equipam nossos smartphones. Assim, a maior
parcela da energia será proveniente do sol e do vento, uma
oportunidade de ouro para o Brasil.
Sobre o que está por vir, uma coisa é certa: hoje, ainda falamos
em QI, quociente intelectual e QE, quociente emocional. Mas no
futuro será também o QA, quociente de adaptação, que será o
diferencial do ser humano. Estudos atuais dizem que é baixo,
mas terá que ser desenvolvido, pois as mudanças exponenciais
ocorrerão antes do que imaginamos. E certamente a capacidade
de adaptação do indivíduo será essencial.

 

PUBLICADO PELA REVISTA VIVER BRASIL, No. 217