Autor: José Martins de Godoy

Um Estado em decadência

Minas Gerais encontra-se em franca  decadência.   Não fosse o agronegócio a derrocada seria maior.  Há muito tempo, o Estado era um importante centro financeiro: 4 bancos estatais foram vendidos( e teriam mesmo que ser, pois serviam  para governantes perpetrarem as pedaladas fiscais, além de outros desvios) e 4 outros privados, considerados de grande porte, também o foram.  A mineração e a metalurgia eram grandes geradoras de empregos e arrecadação. Agora, devido  à drástica redução do preço do minério de ferro em razão da desaceleração da China, as exportações geram menores resultados financeiros, apesar da valorização do dólar. Acresce a isto o acidente da Samarco, que trouxe   insegurança à atividade mineradora.  Em 2015, o prejuízo  da Vale de R$ 44 bilhões é algo inacreditável. A siderurgia enfrenta  crise seriíssima. A capacidade instalada mundial é superdimensionada. Com o País em estagflação, o consumo  caiu muito. A indústria automobilística e a construção civil, grandes consumidores dos produtos, reduziram  as suas atividades. A solução seria exportar. Num mercado em que a oferta é maior que a demanda, sobrevivem as empresas mais competitivas. Mas as nossas não mais o são.   Oriundo do Vale do Aço, fui influenciado a cursar engenharia metalúrgica. Fiz um bom curso, informativo,  voltado à produção, com descrição de equipamentos, processos e padrões operacionais. Não deu embasamento para acompanhar mudanças científicas e tecnológicas que ocorrem ao longo dos anos de...

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Entregues à própria sorte

Temos uma fazenda em Frei Inocêncio, a 330 quilômetros de BH, que requer cuidados administrativos e presença dos donos, com certa frequência. A viagem à fazenda é um desafio, apesar da pequena distância. A melhor opção é o trem da Vale. Porém, de porta à porta, são 8h, o que, convenhamos, é um tempo muito longo para cobrir distância tão reduzida. A viagem de avião tem custo exorbitante (por falta de concorrência) e ainda é imprevisível. Com mau tempo ou céu nublado, o avião não aterrissa por falta de instrumentos. Em 2 oportunidades, sobrevoamos a cidade e tivemos que aterrissar em Ipatinga, onde o aeroporto é mais bem aparelhado. Completa-se a viagem de carro. Em outra ocasião, retornando a BH, o avião não pôde aterrissar e o voo foi cancelado. Tive que enfrentar a BR–381, o que nunca mais farei. Esse descaso é um grande absurdo. Uma região economicamente tão importante merece aeroporto com recursos mais adequados. A viagem pela BR–381 não é uma opção. A rodovia é perigosa, com muita razão batizada de rodovia da morte. Nas minhas últimas experiências, além dos sustos, houve atrasos de várias horas. São comuns os acidentes, com interrupção do trânsito, devido a carretas tombadas, entre outros percalços. Descrevo essas dificuldades para demonstrar o quão mal servido de infraestrutura está o país. Certamente, com rodovia duplicada e outro traçado, faríamos a viagem em,...

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Ano novo, desculpas antigas

Fiz pós-graduação na Noruega durante 3 anos, isso há 40 anos. Já era um país rico. Depois da descoberta de petróleo no mar do Norte, tornou-se ainda mais abastado. Administrou com competência o recurso não renovável, aproveitando os preços altos da commodity até 2013, elevou o nível de riqueza da população e ainda constituiu fundo de cerca 1 trilhão de dólares para que as futuras gerações usufruam dos benefícios do petróleo. É uma quantia muito significativa, quando se considera que a população é de apenas 5 milhões de habitantes. Pelo 12º ano consecutivo, a Noruega ocupa o 1º lugar do ranking do IDH (0,955), sendo o Brasil o 85º ( 0,730). A sua renda per capita é de 100 mil dólares. Mas nem tudo são flores. A BBC Brasil lista 5 razões para não ser tão fã da Noruega: alta carga tributária, gasolina e cerveja caras, os lobos correm riscos de extinção devido à caça e alto consumo de droga. Ora, os preços da gasolina e cerveja não devem parecer tão elevados para quem tem a renda per capita relatada. A caça aos lobos pode ser revertida quando quiserem, pois os cidadãos são conscientes e disciplinados. O consumo de drogas é, de fato, um problema, mas duvido que seja maior do que no Brasil. A carga tributária de 39% ( já foi de 47,5%) é, em termos relativos, menor...

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Hora de reagir

“Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca acabe”, ensina a sabedoria popular. Por isso, esta crise sem precedentes vai passar. Refletindo sobre o assunto, concluo que seria fácil debelá-la. Bastaria que os principais atores da atual governança do país, num ato magnânimo, desistissem de seus cargos. Afinal, o que essas pessoas buscam? Estão agarradas aos postos na condução de projetos de extrema importância para a nação? Nada disso. São projetos pessoais de manutenção no poder de alguns para impedir apuração de denúncias graves e consistentes, que ensejam a perda de mandatos. Há trocas de proteções escancaradas. No caso da presidente, a incompetência gerencial é incontestável. Lutou com todas as armas para ganhar a eleição. Para quê? Para conduzir qual projeto? Nenhum, em especial. O seu ajuste fiscal se resume em aprovar a CPMF. Já havia provado a sua incompetência no primeiro mandato. Quer ratificar as proezas feitas? Pelo visto, vai se superar. A crise é nitidamente política. Com a entrada de novos dirigentes, com credibilidade, empresários brasileiros certamente voltariam a investir. A comunidade internacional focaria no Brasil. Há, no momento, muita liquidez no mundo que, pelas nossas condições favoráveis, canalizaria investimentos para projetos de infraestrutura, concessões, fábricas, turismo, entre outros. O empresário Abílio Diniz declarou, numa conferência em Nova Iorque, que o Brasil está em liquidação. De fato, os ativos estão muito baratos e as oportunidades...

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Que crise gigantesca!

Já vivenciei muitas crises. Mas esta é a maior. Nunca antes na história deste país atingimos tal situação, devido à gastança desenfreada para ganhar eleição. Chegar a esse estágio depois de o Brasil dar ares de país grande, de bola da vez, é impensável. Tenho escrito, principalmente, sobre gestão, área a que tenho me dedicado nos últimos anos, pois reconheço que há muito o que fazer para reverter os resultados do país. No denominado Doing Business 2016: Medindo Qualidade e Eficiência, o Brasil caiu mais 5 posições no ranking do Banco Mundial, ocupando a 116ª, no levantamento entre 189 países. Nas organizações, há muitas oportunidades de melhoria, como redução de desperdícios, reestruturação de processos, inovação tecnológica etc. Porém, a maior parte do que se faz é aniquilada pela infraestrutura precária, tributos elevados (ainda falam na volta da CPMF), uso do BNDES para benesses, burocracia, corrupção, desordem fiscal e política, entre outras mazelas. Como motivar para a gestão eficaz, tema que está desgastado? A presidente tinha o rótulo de expert na matéria. Se fosse, ter-se-ia a indicação de que gestão não funciona. Como isso não é verdade, parece que ela não possui os conhecimentos apregoados. Voltando à crise, vemos que a manutenção da Selic em 14,25% não vai debelar a inflação. Estamos presenciando um círculo vicioso que vai nos levar à insolvência. Juros elevados induzem à retração do crédito, as...

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