Autor: José Martins de Godoy

Cidadão Honorário de BH

Fernando Sabino, na crônica Minas Enigma,  descreve o mineiro:  “Se sou mineiro? Bem, é conforme, dona. (Sei lá por que está perguntando?) Sou Belzonte,  uai….” e nesse tom continua.  Pela sua grande extensão territorial, pensam em dividir Minas, criando os Estados do Triângulo e de Minas do Norte.  Se morasse no triângulo, p.ex.,  não abriria mão de ser mineiro e lutaria por isso. Toda vez que viajo, sinto uma satisfação enorme ao desembarcar em Confins e ver a Serra do Curral. Em suma, só sei ser mineiro e isto é motivo de indescritível orgulho. Recentemente, o Vereador Paulo César Pablito, num gesto de generosidade,  apresentou-me  à Câmara dos Vereadores e concedeu-me o título de Cidadão Honorário de Belo Horizonte.  Fiquei extremamente honrado!  Os requisitos são exigentes, sobretudo os de ter uma vida honrada, dedicada à cidade, e realizações importantes para Minas e o País. Para entender a importância do título, basta dizer que até então apenas 1624 pessoas o haviam recebido, sendo o primeiro agraciado Juscelino Kubistcheck, em 1957. No último  28 de maio, deu-se a entrega do Titulo, na presença de muitas autoridades, empresários,  familiares, amigos, ex-companheiros de trabalho da UFMG e de outras organizações de que participei. Nasci em uma fazenda perto  de Sá Carvalho e fui registrado em Marliéria, MG, berço de grande parte da família Godoy.  Como a fazenda foi demolida, eu brincava que era...

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Medo do racionamento

O atual governo, titubeante, tergiversa  e não toma  as decisões necessárias. Estamos à beira de um colapso na área de energia. Não choveu o suficiente e, de acordo com  previsões, vai chover pouco neste resto de semestre. A caixa d’água do Brasil, Minas Gerais, está vazia. Lendo a coluna da Profa. Dad Squarisi, Dicas de Português, o que faço duas vezes por semana, encontro o seguinte: “Bem Escasso. O maior calo do Brasil? É a reprise de velho drama de tempos idos e vividos: de dia falta água, de noite falta luz. Brasília, Rio, São Paulo & cia. menos visível acordam com as torneiras secas e dormem à luz de velas. Mas o governo faz de conta que nada está acontecendo. Nega-se a pronunciar a palavra racionamento. Bobeira, não? Racionar pertence a família prá lá de humana. É irmão de raciocinar, racional, arrazoar, arrazoado. São todos filhos do mesmo substantivo razão. Suas Excelências se apegam a outro membro do clã. Qual? Ele mesmo- irracional”. Em 2001, houve a mesma ameaça. Mas o País era dirigido pelo estadista Fernando Henrique Cardoso, pessoa de outra estirpe e grande descortino, que soube tomar decisões. Antecipando-se à grave crise, instituiu a “Câmara de Gestão da Crise de Energia” e convidou especialistas e pessoas responsáveis pelo  assunto para fazer parte dela.  A FDG-Fundação de Desenvolvimento Gerencial, que à época ainda executava serviços de consultoria(hoje...

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É para frente que se olha

Meu irmão Geraldo disse que me telefonou várias vezes há dias. Depois, mostrei a ele que não havia qualquer registro. Um amigo me chamou no fixo para dizer que meu celular não o atendia. Conferi e nada registrado. No cotidiano, quedas de ligações, sons ininteligíveis e informações de que o telefone chamado não existe ou está fora de área são comuns.  Tanto as pessoas chamadas como eu não estamos em alguma casamata, sem serviço. A telefonia celular está em colapso, como muitas outras coisas no País. Já fiz  portabilidades. A primeira operadora  não cobria a nossa fazenda perto de Frei Inocêncio, MG, e lá eu ficava isolado. Troquei para a segunda. Devido a custo elevado, migrei para a terceira. As falhas apontadas persistem. Apesar de tudo, eu deveria ficar feliz, em vista do que vou narrar. Quando meus irmãos e irmãs e eu viemos estudar, ficávamos  exilados em BH. A fazenda do meu pai está localizada a incríveis 276 km, em Pedra Corrida, próxima a Gov. Valadares, mas a comunicação era dificílima. Primeiro, é preciso mencionar a aventura que era a viagem de trem de 13 horas, com baldeação em Nova Era. Agora, a viagem de trem já dura “apenas”   8 horas. A rodovia já é asfaltada, mas não tenho coragem de enfrentá-la, pois se trata da  BR 381, a rodovia da morte. O melhor  é fazer a viagem...

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No mato sem cachorro

Quem analisa o atual estágio do País é tomado de grande indignação. Temos carga tributária de países desenvolvidos e serviços públicos  dos países mais atrasados. Quem viu reportagens sobre o transporte de passageiros em trens de São Paulo e Rio de Janeiro deve estar horrorizado. Que é aquilo? É guerra. Como querer que as pessoas desempenhem bem suas funções, quando já chegam derrotadas no trabalho? Não tenho especial interesse pelo futebol. Sou torcedor de um único time. Prefiro ver jogos pela TV a ir ao estádio. Nem a seleção brasileira me motiva ou empolga.  Quando o Brasil se candidatou a sediar a copa do mundo,  a maioria deve ter julgado interessante  pelos benefícios que viriam desta competição.  Melhoria da mobilidade urbana, das comunicações, ampliação e modernização de aeroportos, entrada de divisas, etc. Em termos de mobilidade urbana, pouco se fez. Os principais aeroportos, em obras, caóticos, não ficarão prontos a tempo. Os gastos são elevados e ao final teremos alguns estádios elefantes brancos, construídos para poucos jogos. O conjunto da “obra” contribuirá para piorar a imagem do Brasil, que deixou de ser a “bola da vez”. Ainda bem que  será uma copa para brasileiros, pois turistas estrangeiros  serão poucos em vista da crise econômica na Europa. Até os  argentinos  poderão não vir, pois o país vive crise seriíssima. Para o leigo como eu, dava a impressão de que  iríamos...

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A felicidade e o trabalho

Um Relatório Especial/2013 da Forbes, Atlas da Indústria, enfocando  importantes aspectos em seis setores críticos, intitulado “A Busca da Felicidade”,  relaciona o número de horas trabalhadas/ano com a contribuição ao PIB/hora de trabalho, em vários países. Os trabalhadores norte-americanos são os mais felizes (taxa de 30% de sua força de trabalho), enquanto o PIB/hora atinge $ 63, e trabalham cerca de 1700 h/ano.  É compreensível, pois se dedicam menos ao trabalho e têm produtividade elevada, a maior do mundo. Um trabalhador americano produz por cinco brasileiros.  Já os brasileiros  são, em segundo lugar, os mais felizes,  taxa de 27%, porém trabalham mais, cerca de 1850h/ano, e têm a mais baixa produtividade. Como explicar essa felicidade? O interessante da pesquisa é constatar que alemães, franceses e holandeses são tão produtivos quanto os americanos, trabalham menos ainda, cerca de 1400 h/ano,  e apresentam baixa taxa de felicidade, alemães 15% e franceses e holandeses 9%.  Não encontrei explicação para tal fato.  Quando visitei o Japão nas décadas de 80 e 90, era o “boom” japonês. Verifiquei que os trabalhadores eram dedicados, muito produtivos,  orgulhosos dos resultados do país. O sistema de gestão lhes proporcionava grande participação e entendimento das tarefas que realizavam. Não eram robôs. Na pesquisa,  ainda são muito produtivos, trabalham tanto quanto os americanos, mas são os penúltimos  em felicidade, apenas atingem a taxa de 7%.  É surpreendente, mas a...

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