Autor: José Martins de Godoy

Desafios do agronegócio

O agronegócio é responsável por cerca de 23% do PIB brasileiro. Contribuição maior poderia ser obtida se fossem aproveitadas   terras cultiváveis, clima propício e recursos naturais.  Há enorme potencial para  aumento da produtividade por meio de irrigação. Por exemplo,  Minas Gerais tem apenas 1/4  de terras irrigadas,  com relação a área passível de ser trabalhada. No Rio Doce, conheço apenas dois projetos de irrigação, um  de plantio de milho e capim para gado e outro de produção de grama.  Porém, há fazendas  subutilizadas, com topografia adequada,  rios caudalosos nas imediações (o Rio Doce e principais afluentes, Rios Santo Antônio, Corrente, Suaçui Grande e Pequeno, Itambacuri), clima favorável, condições propícias a projetos de irrigação. Isto viria trazer grande impulso à agropecuária, vocação natural da região. Nos dois últimos anos, choveu muito pouco. As pastagens estão degradadas, há erosões, rebanhos reduzidos pela escassez  de pastos. É impossível conduzir a atividade rural com tão baixa produtividade e resultado deficitário ao fim de cada ano. Muitas fazendas estão quase abandonadas e muitas  à venda. Ou seja, a região vive um marasmo sem precedentes. Julgo que  agentes responsáveis pelo setor deveriam ser francamente proativos. Deveriam visitar as fazendas, indicar soluções, oferecer tecnologias, ensinar a utilizá-las, como obter  créditos e ajudar a superar, sobretudo, a burocracia envolvida.  Existem tecnologias apropriadas  e crédito fácil; porém, é preciso convencer as pessoas, incentivá-las, em suma, ensinar o “caminho...

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Nunca fazem a coisa certa

A mídia tem abordado os problemas brasileiros exaustivamente. Nos meus artigos tenho narrado  maus resultados (problemas), sempre do ponto de vista da gestão da coisa pública, no caso da má gestão.  É um processo cansativo e inglório, pois nada muda. A vontade é desistir. Dos gestores, veem-se  abordagens superficiais e soluções simplistas e incompletas. Vejamos a área da saúde: o programa “mais médicos” é uma das soluções parciais. É claro que  populações de municípios carentes  se sentiram  mais amparadas. Mas pela falta de recursos locais, conforme depoimentos de participantes do programa, em situações de relativa simplicidade, a ambulância continua sendo a melhor opção, levando os pacientes para hospitais de cidades polos. A mobilidade urbana continua uma tragédia.  As inúmeras manifestações populares tiveram como motivação, entre vários temas,  o aumento da tarifa  no transporte público.  A discussão sobre aumento que motivou os integrantes do Movimento Passe Livre a iniciarem os protestos em São Paulo (que posteriormente se ampliaram por todo o País) é apenas um dos tópicos do difícil tema que é a mobilidade urbana.  A Constituição Federal, em seu artigo 30, inciso V, estabelece como competência dos municípios “organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial”. A Constituição Federal deixa claro que o município é o gestor deste serviço público essencial,...

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A educação continua patinando

Quando começamos a difundir a gestão para melhoria de resultados na educação, houve grande resistência por parte de dirigentes e professores. É próprio da metodologia identificar  problemas( maus resultados),  como repetência, abandono e  também baixo desempenho dos aprovados, no mercado de trabalho e no acesso a universidades, e estabelecer metas de melhoria. Havia verdadeira ojeriza a metas e diziam, p. ex., que a escola não era para preparar os alunos para os fins acima. Era  sua obrigação formar cidadãos.  Discorrendo sobre habilidades não cognitivas, como direitos e deveres, regras de convivência, politização de alunos?  Eu me perguntava: que tal fazer isso e também ensinar a ler,  escrever,  a dominar as quatro operações e outras matérias importantes do currículo? Poderiam, então, os egressos exercer a sua cidadania. O estabelecimento de metas ficou amenizado depois que o MEC criou o IDEB, fixando-as para serem atingidas até o ano 2021.  Os resultados têm sido pífios, pois não basta  dizer o “que fazer”. Ainda saem da escola muitos analfabetos funcionais. Mesmo assim, as pequenas melhorias são comemoradas triunfalmente pelos governos federal e alguns estaduais. É  preciso ensinar  o “como fazer”, analisando e atacando  as causas dos maus resultados. Recentemente, veio à baila nova ênfase  ao desenvolvimento  na sala de aula de  habilidades  não cognitivas, entre as quais a disciplina, abertura a novas experiências, sociabilidade, colaboração e estabilidade emocional. Há quem defenda que são...

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Aumentar a produtividade é preciso

Para sermos competitivos é necessário aumentar a produtividade, ou seja, fazer mais com o mesmo ou com menos.  Em empresas que fizeram um bom “para casa” no passado, há oportunidades em torno de 20%: é preciso  reduzir  custos, combater  desperdícios e falhas e proceder a atualizações tecnológicas. Devido a fusões, aquisições e aposentadorias, houve perdas de pessoas capacitadas  na área de gestão. Pessoal treinado na década de 90 não está sendo reposto; não tem havido a mesma atitude  daquele período. Todavia,  entraves maiores estão fora das organizações, tais como logística precária, burocracia, falta de planejamento e gastança do governo, mobilidade urbana, corrupção, carga tributária,  justiça morosa, entre outros. Empreender no País é uma tarefa que requer idealismo e determinação, pois o Brasil não é  amigável para esta atividade. Em determinados países, as pessoas são bem-vindas, ajudadas, festejadas por tais iniciativas. Afinal, se propõem a criar empregos e movimentar a economia. Tributa-se o lucro. Aqui, ao contrário, depara-se com forte burocracia para colocar  uma empresa em funcionamento. No primeiro faturamento, já  há tributação. Em determinados segmentos, o empresário é mal visto e considerado com explorador de recursos naturais e humanos. Quem não sofreu ainda algum tipo de fiscalização? Depois de muita truculência, verifica-se que tudo está  correto, mas os constrangimentos ficam. Imaginem, se houvesse irregularidades! Normalmente, gastam muito tempo, dias, meses, fiscalizando quem conduz as coisas de forma transparente. Deveriam...

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A arte de engambelar as pessoas

Para ocupar cargos públicos, deveria ser um imperativo conhecer conceitos básicos de gestão. E isto pode ser facilmente conseguido com um treinamento de 24 h.aula. A falta de tais conhecimentos acarreta equívocos imperdoáveis. Há pessoas que não sabem sequer o que é um problema. Como “gerenciar é também resolver problemas”, a maioria dos dirigentes nunca vai desempenhar bem as funções. Define-se problema como o mau resultado de um trabalho. Exemplo, os resultados nas áreas de educação e saúde são péssimos. Todavia, se forem feitas perguntas a respeito de  problemas da área da saúde a atuais dirigentes, vão prontamente responder que é falta de médicos. Ora, o resultado que se espera da área é um bom atendimento, eficácia nos tratamentos, entre outros. Ter muitos médicos não é o objetivo fim da área. Médicos podem ser causa de maus resultados, assim como vários outros fatores.  Logo, gerenciar é identificar problemas, fazer detida análise das causas (são muitas!) que acarretam os maus resultados, hierarquizar as causas (felizmente, o Princípio de Pareto ensina que  poucos são vitais e muitos triviais),  construir um plano de ação e atacar de foram sistemática e persistente as causas importantes. Já vi a atuação de médicos em comunidades carentes. Enviados por uma empresa estatal, visitavam uma vez por mês acampamentos de trabalhadores.  Não havia recursos  para fazer diagnósticos.  O jeito era prescrever algo que pudesse fazer bem, sem...

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