Autor: José Martins de Godoy

O tempo passou…

Aprovada a MP dos Portos; abertas licitações para  obras  da BR 381(trecho  BH-GV); autorizada a ampliação do Aeroporto de Confins.   A BR 381 resistiu durante 40 anos, ocasionando enormes prejuízos ao País e perdas irreparáveis de vidas.  Confins  causa transtornos e prejuízos aos usuários.  O escoamento da safra foi uma tragédia. Estradas(???) em péssimas condições  e, para piorar, formaram-se filas quilométricas de caminhões nas proximidades dos portos, causando aumento de custo dos produtos. As ações anunciadas fariam parte de um processo rotineiro, em um planejamento robusto que apontasse   prioridades. Esses processos  e outras obras  devem arrastar-se por muito tempo para conclusão, tal a  defasagem em infraestrutura. Deveriam ter sido iniciadas há 10 anos, pelo menos. Vivemos o caos, produto do improviso e  da falta de investimento  no período de bonança, proporcionado pela exportação de commodities a preços elevados. Entre nós, rotulam-se pessoas facilmente. A presidente  é rotulada como “gerentona” . Se o fosse, teria um plano, um conjunto de projetos  prioritários, pelo menos, para os quais estabeleceria metas? Gerenciar é atingir metas. Quais metas? Dizem que é centralizadora,  que quer conhecer os projetos que vão surgindo do atual improviso e nada é feito sem  sua aprovação. O gerente não tem que conhecer  detalhes técnicos. Basta saber o mérito e objetivo dos  projetos,  quais as metas a serem atingidas e cobrar a execução obsessivamente.  Rituais de gestão e  tecnologia de...

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Gestão na Área Pública

A área pública precisa de uma boa gestão, de racionalizações e cortes, de drástica diminuição do seu custeio. O tamanho do Estado é gigantesco, sendo o gasto para mantê-lo é absurdamente elevado.  A arrecadação de tributos bate recordes a cada ano; ainda assim, é insuficiente, haja vista o endividamento do País, que já atinge mais de 2 trilhões de reais. Para piorar a situação, os  serviços para a população, como educação, saúde, transporte, segurança, são de péssima qualidade. Então, uma gestão voltada para melhoria de resultados deveria ser permanente, conduzida de forma obcecada, persistente, sem interrupção devido a troca de mandatos e nuanças políticas, principalmente. Algumas iniciativas já foram feitas na área federal, em governos estaduais e municipais , no legislativo e judiciário.  As iniciativas produziram resultados, mas em todos os casos não houve continuidade. Trabalhamos em Estados em que a situação era caótica, com gastos irracionais, arrecadação precária, déficit fiscal elevadíssimo e insustentável. Em pouco tempo, a contribuição da gestão para melhoria de resultados juntamente com outras medidas do governo deram uma arrumada na casa. Como consequência, houve  equilíbrio fiscal.  Normalmente, dever-se-ia pensar  em aprofundar a análise dos fatores intervenientes, treinar vários escalões para  aprender a estabelecer metas e atingi-las, promover a reestruturação de processos,  incorporar e utilizar ferramentas mais poderosas. Enfim, a estratégia de melhoria contínua seria permanente. No entanto, a tática é dar-se por satisfeito com...

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Coisas que só acontecem no Brasil

Em meados de 1995, participei em Brasília, no MIC-Ministério da Indústria e Comércio, de reuniões com seus dirigentes( Ministro e Secretário Executivo) sobre programas e ações para melhorar a qualidade e produtividade no País. Nessas reuniões tomei conhecimento  do propósito de se instalar o Instituto Brasil-Japão de Qualidade e Produtividade, no âmbito da cooperação entre os dois países. O Brasil teria que colocar considerável  contrapartida, mas o Japão aportaria recursos extremamente importantes, ou seja, conhecimentos por meio da vinda de cerca de 20 especialistas japoneses por alguns anos, além de recursos financeiros. Interessei-me vivamente pelo assunto e saí a campo para demonstrar que tínhamos todas condições de sermos esse Instituto.  Ora, inicialmente financiados pelo próprio Governo Federal e depois com recursos próprios, já tínhamos uma longa trajetória no assunto. Por meio da Fundação Christiano Ottoni/EEUFMG já produzíramos  material didático importante para a área, havíamos treinados cerca de 200 mil executivos brasileiros,  estávamos prestando assistência técnica a grandes empresas do País, como Petrobras, Vale, Cosipa, Belgo Mineira, Cosipa, Brahma, Gerdau, entre muitas outras. Na época, já contávamos com cerca de 100 consultores, além de técnicos de empresas estatais parceiras, principalmente do setor siderúrgico, que reforçavam nossa equipe nos momentos de grande demanda.  Tínhamos a experiência de que, para absorver conhecimentos, era necessário ter equipes preparadas para dialogar com quem domina tais conhecimentos. Esta experiência fora adquirida no próprio Departamento de...

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Desencanto com a gestão do País

Lembro-me que na Universidade havia sempre um bom planejamento, seja para a condução do ensino nos vários níveis, seja para um projeto de pesquisa/ elaboração de uma tese. Por isso, julgava que para gerir o Brasil haveria um planejamento robusto. Esta convicção caiu por terra quando acompanhei o processo de designação de um presidente de empresa. Naquela época, trabalhávamos na área metalúrgica com várias empresas estatais. Uma delas se destacava, apresentava um desempenho excepcional, graças à atuação de seu presidente. Estava terminando o seu mandato; pensava eu que a recondução seria inevitável. Pensei que, em Brasília, deveria haver um projeto consistente, análise de desempenhos, reconhecimento de méritos, etc. Foi surpreendente o nome indicado. Nenhum mérito, puro casuísmo, critério político. Daí em diante, percebo que, exceto em poucos períodos,  funciona o varejo, tudo ao sabor das emoções. Haja vista agora. Reduzem-se  a taxa de juros e tributos em determinados produtos, desoneram-se folhas de pagamentos em algumas áreas para fortalecer o crescimento. No entanto, o PIB cai. A indústria vem apresentado quedas. Precisamos de “um choque de produção” para promover a concorrência e baixar os preços. Brasileiros estão batendo recordes de gastos no exterior, contribuindo para o déficit das contas externas e queda de empregos. Sacoleiros vão hoje a Miami e Nova York fazer compras, tal a diferença de preços, 1/3 dos valores praticados no Brasil.   A administração da Petrobras e...

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A enfase na qualidade na era Collor

A jornalista Natuza Nery, da FSP(13/1/13), entrevistou Lademir Filippin, mestre de cerimônias oficiais do Palácio do Planalto. Ele está nesta função desde o governo Figueiredo. Narra  que Collor foi o mais rigoroso chefe e que aprendeu o  equivalente a 20 anos em 2 anos ao lado dele. A amigos confidenciou que Collor era o seu preferido, apesar do gênio difícil. Classificou Fernando Henrique como um “gentleman”, o que não é novidade. A notícia trouxe-me à lembrança aquele período da história. Sou sempre motivado pelo inovador,  o arrojado, pelas possibilidades de mudanças e combate a estruturas anacrônicas. Por isso, tornei-me um dos mais fervorosos partidários de Collor. Fiz campanha, convenci amigos e familiares a votar nele. Fiquei satisfeito  com as primeiras medidas. Em viagem ao exterior, classificou os carros brasileiros de carroças. Não fora isso, talvez tivéssemos hoje ainda os carros com carburadores, tal a proteção ao mercado interno. Deu um choque na economia para tentar domar a inflação que atingira patamar insuportável. Iniciou o processo de privatizações. Não fosse isso e o que se seguiu com Itamar e Fernando Henrique, estaríamos em pior situação. Os contribuintes ficaram livres das siderúrgicas deficitárias e cabides de emprego.  Nas telecomunicações, talvez estivéssemos no mesmo estágio da infraestrutura de rodovias, ferrovias, aeroportos e portos, ou seja, caótico. Fez a 2a. abertura dos portos e isso foi fundamental para que o País iniciasse uma...

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