Autor: Godoy

VERDE QUE QUIERO VERDE

Lembro-me que a poesia também foi um instrumento para aprendizado do Espanhol, ainda no científico( hoje ensino médio), em 1963.Tempos idos e vividos. Vários poemas e textos foram estudados. Quem não ouviu falar do poema baixo de Federico Garcia Lorca?  Lorca, poeta e dramaturgo espanhol, morto aos 38 anos, vítima da Guerra Civil. O interessante es que después de años los siguientes versos no se perdieron de mi memoria.   Compadre, quiero cambiar mi caballo por su casa, mi montura por su espejo, mi cuchillo por su manta.   Pero yo ya no soy yo, ni mi casa es ya mi casa. Compadre, quiero morir decentemente en mi cama.   Para recordar,  eis todo o poema: VERDE QUE TE QUIERO VERDE Verde que te quiero verde. Verde viento. Verdes ramas. El barco sobre la mar y el caballo en la montaña. Con la sombra en la cintura ella sueña en su baranda, verde carne, pelo verde, con ojos de fría plata. Verde que te quiero verde. Bajo la luna gitana, las cosas le están mirando y ella no puede mirarlas.               * Verde que te quiero verde. Grandes estrellas de escarcha, vienen con el pez de sombra que abre el camino del alba. La higuera frota su viento con la lija de sus ramas, y el monte, gato garduño, eriza sus pitas agrias....

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CÍRCULO VICIOSO

Continuando a publicação de poesias aprendidas nas aulas de Literatura, destaco abaixo a genial criação de Machado de Assis. Apesar de aluno do curso noturno, encantei-me com  Machado de Assis e li quase toda a sua obra. A poesia reflete, na verdade, a eterna insatisfação humana. A maioria nunca está contente com o que é e com o que conseguiu na vida. O jardim do vizinho é sempre mais verde.   CÍRCULO VICIOSO Bailando no ar, gemia inquieto vagalume: “Quem me dera que eu fosse aquela loira estrela Que arde no eterno azul, como uma eterna vela!” Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme: “Pudesse eu copiar-te o transparente lume, Que, da grega coluna à gótica janela, Contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela” Mas a lua, fitando o sol com azedume: “Mísera! Tivesse eu aquela enorme, aquela Claridade imortal, que toda a luz resume”! Mas o sol, inclinando a rútila capela: Pesa-me esta brilhante auréola de nume… Enfara-me esta luz e desmedida umbela… Por que não nasci eu um simples...

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HÁ CAMINHO

ANTONIO MACHADO,  celebrado poeta espanhol, afirma que não há caminho e que ao andar se faz o caminho. Nós cristãos sabemos que há o caminho. Jesus disse: EU SOU O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA. SÓ SE VAI AO PAI POR MEIO DE MIM. Não obstante, temos abaixo um belo poema de Machado.   Cantares (Antonio Machado) Tudo passa e tudo fica porém o nosso é passar, passar fazendo caminhos caminhos sobre o mar Nunca persegui a glória nem deixar na memória dos homens minha canção eu amo os mundos sutis leves e gentis, como bolhas de sabão Gosto de ver-los pintar-se de sol e grená, voar abaixo o céu azul, tremer subitamente e quebrar-se… Nunca persegui a glória Caminhante, são tuas pegadas o caminho e nada mais; caminhante, não há caminho, se faz caminho ao andar Ao andar se faz caminho e ao voltar a vista atrás se vê a senda que nunca se há de voltar a pisar Caminhante não há caminho senão há marcas no mar………… (Tradução de Maria Teresa Almeida Pina) Cantares (Antonio Machado) Todo pasa y todo queda, pero lo nuestro es pasar, pasar haciendo caminos, caminos sobre el mar. Nunca persequí la gloria, ni dejar en la memoria de los hombres mi canción; yo amo los mundos sutiles, ingrávidos y gentiles, como pompas de jabón. Me gusta verlos pintarse de sol y...

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Agora Inês é morta

Sempre que digo a expressão “Agora, Inês é morta” algumas pessoas me olham com ar de interrogação. A explicação: A bela castelhana Inês de Castro foi um dos amores de D. Pedro I -1320 a 1367-( não o nosso D. Pedro I, que ao retornar a Portugal foi D. Pedro IV). O Príncipe teve com ela 3 filhos, apesar de casado com dona Constança. Por isso, a corte a rejeitava. Durante uma viagem de D. Pedro, seu Pai, D. Afonso IV, mandou degolar Inês. Após a morte do Rei, D. Pedro ascendeu ao trono. Não teve dúvidas, mandou desenterrar Inês. Reza a lenda que também mandou colocar o corpo de Inês no trono, pôs uma coroa em sua cabeça e compeliu os nobres presentes a beijar os ossos de sua mão. Está nessa narrativa a origem da expressão “Agora, Inês é morta”. Alguém deve ter dito: de que adianta isso “Agora, Inês é Morta”. Triste fim tiveram os algozes de Inês, por ordem de Pedro. Naquele tempo, era uma verdadeira barbárie: a degola de Inês e fim dos carrascos(tiveram os corações arrancados) são exemplos. SERÁ QUE HOUVE MUDANÇAS AO LONGO DOS ANOS? CONTINUAMOS OS MESMOS??? Camões, em Os Lusíadas, relata assim o episódio: Episódio de Dona Inês de Castro (Os Lusíadas, Canto III, 118 a 135) Passada esta tão próspera vitória, Tornado Afonso à Lusitana Terra, A se lograr...

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Ensino de literatura por meio da poesia

Fiz estudos secundários à noite, no antigo Colégio Anchieta, da Rua dos Tamoios. Ensinar a uma turma fatigada, após um longo dia de trabalho, era, sem dúvida, um grande desafio. No científico(hoje ensino médio) tivemos excelentes professores (capazes de combater o cansaço dos alunos). Entre eles, tivemos o privilégio de contar com o Prof. Mauro Vilela, na árdua tarefa de ensinar literatura. E ele o fazia de forma inteligente por meio de poesias de consagrados autores. Minha memória fotográfica o  vê declamando com entusiasmo, excelente  postura cênica e magistral interpretação,  p.ex. versos de Os Lusíadas, de Camões:   Canto I As armas e os Barões assinalados Que da Ocidental praia Lusitana Por mares nunca dantes navegados Passaram ainda além da Taprobana, Em perigos e guerras esforçados Mais do que prometia a força humana, E entre gente remota edificaram Novo Reino, que tanto sublimaram….     Foi hábil em inspirar e motivar muitos alunos, entre os quais me incluo, no estudo da matéria. Ao longo do tempo, publicarei poesias que ficaram na memória, graças ao saudoso professor. Começo por Casemiro de Abreu (1839-1860), com o seguinte poema: DEUS Eu me lembro! eu me lembro! – Era pequeno E brincava na praia; o mar bramia E erguendo o dorso altivo, sacudia A branca escuma para o céu sereno E eu disse a minha mãe nesse momento: “Que dura orquestra! Que furor...

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