Um Relatório Especial/2013 da Forbes, Atlas da Indústria, enfocando  importantes aspectos em seis setores críticos, intitulado “A Busca da Felicidade”,  relaciona o número de horas trabalhadas/ano com a contribuição ao PIB/hora de trabalho, em vários países. Os trabalhadores norte-americanos são os mais felizes (taxa de 30% de sua força de trabalho), enquanto o PIB/hora atinge $ 63, e trabalham cerca de 1700 h/ano.  É compreensível, pois se dedicam menos ao trabalho e têm produtividade elevada, a maior do mundo. Um trabalhador americano produz por cinco brasileiros.  Já os brasileiros  são, em segundo lugar, os mais felizes,  taxa de 27%, porém trabalham mais, cerca de 1850h/ano, e têm a mais baixa produtividade. Como explicar essa felicidade? O interessante da pesquisa é constatar que alemães, franceses e holandeses são tão produtivos quanto os americanos, trabalham menos ainda, cerca de 1400 h/ano,  e apresentam baixa taxa de felicidade, alemães 15% e franceses e holandeses 9%.  Não encontrei explicação para tal fato.  Quando visitei o Japão nas décadas de 80 e 90, era o “boom” japonês. Verifiquei que os trabalhadores eram dedicados, muito produtivos,  orgulhosos dos resultados do país. O sistema de gestão lhes proporcionava grande participação e entendimento das tarefas que realizavam. Não eram robôs. Na pesquisa,  ainda são muito produtivos, trabalham tanto quanto os americanos, mas são os penúltimos  em felicidade, apenas atingem a taxa de 7%.  É surpreendente, mas a explicação pode estar no fato de que o Japão não está naquela posição excepcional de antes.  A pesquisa comenta no final que “é bom ser um americano”. Tais relatórios devem ser analisados com reserva e cautela , pois dependem de múltiplas interpretações, posturas frente ao trabalho e a vida,  fatores culturais, etc.

No caso brasileiro, deve existir certo conformismo. Como ser feliz com tão baixa produtividade? Só posso imaginar que as pessoas concluem que é dificílimo aumentar a produtividade do País. Jogam a toalha e adotam a postura de que o importante é ser feliz, não importa o que aconteça. A melhoria do desempenho brasileiro depende de muitos fatores, como atualização tecnológica, esforço para inovação, melhoria da educação e saúde,  modernização da infraestrutura,  eliminação da burocracia desnecessária e  extirpação da corrupção. Consideremos alguns desses itens.  A educação não deslancha. Apesar de pequeno avanço, a posição, no teste do PISA, é a 55a  em leitura, 58a em matemática e 59a em ciências, entre  65 países que participam da pesquisa. A saúde é uma tragédia. Não basta alguma ação  eleitoreira para melhorar a área. Deveriam ser pesquisadas as causas dos maus resultados e atacadas  as prioritárias, para valer,  de forma sistemática e persistente. A infraestrutura deve melhorar com as concessões, mas a (i)mobilidade urbana deve continuar por muitos anos. Em termos de corrupção, ocupamos o 72o  lugar entre os 177 países pesquisados. Isto baixa o moral de um povo. De fato, são tantos obstáculos que as pessoas os  aceitam e devem se sentir felizes pela milagrosa posição que o País ocupa na cenário mundial, apesar de tantas  limitações impostas.  A questão de trabalhar muito deveria aborrecer os brasileiros. Como é um povo muito sociável, pode encontrar satisfação na convivência no trabalho. O fato de ter que se deslocar ao trabalho deve  irritar e aborrecer as pessoas, em virtude  do consumo exagerado de horas no trânsito, nas grandes cidades. Com o desenvolvimento das comunicações, muitas pessoas poderiam trabalhar em casa. Mas a anacrônica CLT só enxerga um tipo de interação capitalxtrabalho, carteira assinada, presença física no trabalho e jornada bem definida.

Muitas horas de trabalho não significam elevado desempenho.   Na Noruega, a jornada de trabalho é bem curta. No inverno, trabalha-se de 8h45 a  16h45. Menor no verão, de 9h30 a 15h45,  para que as pessoas possam aproveitar os dias longos e ensolarados. No entanto, estão entre as mais produtivas, pois a Noruega apresenta  a maior renda per capita e o mais elevado IDH do planeta. Lá morei por 3 anos e não pude seguir tais jornadas, pois meu tempo para fazer o doutorado era limitado. Dedicava cerca de 14 h/dia para terminar o curso no prazo previsto.