Pesquisa realizada nos EUA pela empresa de consultoria LHH/BDM afirma que empregados não estão recebendo  informações  necessárias para atingir metas e assinala que não há diferença entre  a realidade  nos EUA e no Brasil.

 Julguei que estaríamos numa posição melhor. Na FCO-Fundação Christiano Ottoni/UFMG, de 1985 a 1998, conduzimos um programa de gestão pela qualidade de dimensões inimagináveis. A parceria  da JUSE-União Japonesa de Cientistas e Engenheiros   nos possibilitou a captação e difusão de conhecimentos, com a participação de seus especialistas  e  de outras instituições japonesas. Tivemos a ajuda dos Srs. Junji Noguchi ( Diretor Executivo da JUSE), Ichiro Miyauchi, Minoru Kamikubo, Masao Umeda, Mitsunori Nakano, Masuo Suyama, Yoshio Shima, Akio Shiwaku, Kenishiro Kato e Tadashi Ohfuji no treinamento do nosso pessoal, na elaboração de material didático e na prestação de consultorias. Treinamos cerca de 300 mil executivos e instrutores internos de empresas( esses instrutores reproduziram os treinamentos para milhares de pessoas); elaboramos 82  livros-textos e  muitas apostilas sobre assuntos específicos, editados pela editora da FCO. Foram vendidos milhões de exemplares desses textos e algumas  empresas os reproduziram internamente para todos empregados; realizamos 33 missões técnicas ao Japão, com a participação de 1100 técnicos brasileiros; realizamos  8 grandes seminários em MG,RS,BA e SP, para difusão de importantes resultados alcançados pelas empresas parceiras.  Nos quatro seminários em SP, reunimos cerca de 3.000 mil técnicos por seminário; a partir de 1990, passamos também a dar consultoria às empresas, o que foi fundamental para o avanço na produção de resultados; paralelamente, difundimos o Programa 5S, por meio do qual foram envolvidos principalmente os operadores na criação do ambiente para qualidade e melhoria contínua de resultados. Também os CCQs-Círculos de Controle da Qualidade foram difundidos pela FCO e por outras instituições, de maneira que se tornou um programa nacional. Isto foi fundamental para a melhoria da qualidade de produtos e serviços  com a participação  dos operadores no chão de fábrica. A partir de 1997, iniciou-se a aplicação da gestão para melhoria do ensino público.

O movimento descrito acima foi tão grandioso que a JUSE  o avaliou  como sendo o segundo em âmbito mundial, em termos metodológicos e de abrangência, sendo o primeiro o do Japão. A nossa atuação, já madura, teve continuação por intermédio da FDG e do INDG. Por isso, sempre tive a convicção de que no Brasil havia plena consciência da importância da melhoria contínua e da constante prática da gestão para resultados e que este movimento seria irreversível. Aliás,  a sua aplicação deveria ser uma obsessão por parte das empresas. Essa crença era tão arraigada que passamos a divulgar que as empresas já tinham feito o seu para casa e que precisaríamos aplicar os conhecimentos na área pública, o que passou a ser uma cruzada, de certa forma inglória, nos últimos anos.

Quanto à pesquisa, estou tendendo a acreditar que revela a situação atual. Empresas foram vendidas, principalmente na área siderúrgica. Mudaram-se lideranças, muitos técnicos já se aposentaram, há grande mobilidade no mercado de trabalho. Conversei com algumas pessoas recém-saídas de empresas. Confirmaram que a descapitalização de conhecimentos é real. Nas novas contratações os treinamentos não realizados. Os movimentos 5S  e CCQs estão adormecidos na maioria das empresas.  Parece que a estratégia é tirar o máximo dos equipamentos como forma de recuperar rapidamente os investimentos feitos nas aquisições.

Além disso, para a atuais lideranças, o custo Brasil é um tormento. Tributos elevados, infraestrutura  inadequada para as necessidades do país, educação deficiente, entre outros, são entraves para a competitividade no mercado globalizado. Isto retira o foco dos ganhos que podem ser obtidos internamente nas empresas, fazendo com que sejam negligenciadas conquistas recentementes. Hoje ainda há margens de ganhos da ordem de 20% a 40% pela diligente aplicação de gestão para melhoria dos resultados. Isto não é desprezível e amenizaria o custo Brasil que vai demorar a ser reduzido.