Nestes tempos de julgamento do Mensalão, implementado no coração da República (há quase consenso de que Lula de tudo sabia),  de CPMI do Cachoeira, decresce a confiança nos políticos.  Sei que  nem todos são corruptos e desonestos. Tenho políticos na família: meu irmão já foi prefeito de Açucena, sem nenhum reparo na sua conduta, e elegeu-se recentemente a prefeito de Periquito; um parente do lado Castro elegeu-se prefeito de Marliéria e outro do lado Assis prefeito de Antônio Dias; Arnaldo Godoy é vereador de Belo Horizonte  e reelegeu-se pela 5a. vez.  Por eles ponho a mão no fogo.  Quando estudante, tinha grande admiração por Milton Campos, Pedro Aleixo e Carlos Lacerda.  Mais tarde, tive Paulino Cícero de Vasconcellos como  um dos modelos de homem público.  Ainda muito jovem, foi eleito prefeito de São Domingos do Prata, depois deputado estadual por 2 vezes, federal por 5 vezes, foi Secretário da Educação e Secretário de Minas e Energia  de Minas Gerais, Ministro de Estado de Minas e Energia, Presidente da Usiminas, entre outros.   Por mais de 40 anos serviu o País com dedicação, competência e comportamento ético.

Paulino é meu vizinho no Bairro Belvedere, BH. Eu o encontro nas caminhadas no calçadão da Lagoa Seca.  Político aposentado, mas  ainda  faz consultorias e advoga.  Vive de forma digna, confortável, sem ostentação. Quanta diferença! Há  pessoas que só exerceram cargos políticos, e alguns ainda exercem, que fizeram grandes fortunas. Mágica?

Paulino teve participação importante na minha trajetória.  Certa feita, fui incluído na lista sêxtupla de diretor da Escola de Engenharia da UFMG. Apesar de ter encabeçado a lista com a totalidade dos votos dos integrantes da Congregação, era praxe buscar apoio de pessoas importantes da comunidade.

Tive o privilégio de contar com o apoio de  Paulino, naquele momento Secretário da Educação  de MG. Além de me apoiar ainda conseguiu o apoio do Governador do Estado, não sem antes, pessoa criteriosa que é, ouvir atentamente os meus planos para Escola e entender que eram robustos. Fui nomeado! Certa vez, ele compareceu a uma solenidade na Escola, talvez para verificar o andamento da minha gestão. De outra feita, recebemos  a visita do Sr. Junji Noguchi, Diretor Executivo da JUSE-União de Cientistas e Engenheiros Japoneses, que mantinha convênio FCO-Fundação Christiano Ottoni/UFMG, desde 1986.  Era 1992, a FCO já se tornara um fenômeno nacional na condução do Movimento pela Qualidade e muitos achavam que o nosso sucesso se devia unicamente à parceria com a JUSE. Então, muitas organizações queriam também a mesma parceria. Eu pensava que isso iria trazer perturbações ao nosso trabalho, pois a JUSE certamente iria pulverizar recursos e prejudicar o programa que estava produzindo resultados extremamente importantes. A missão do Sr. Noguchi era conhecer as propostas de tais organizações. Eu o acompanhei nas visitas a SP,RS, Brasília e MG,  e tinha a intenção de mostrar a ele que, se firmasse outras parcerias,  iria perturbar o andamento do nosso trabalho. Em Brasília, minha missão consistia em confirmar que  a melhor opção era não dispersar esforços no Brasil, estribado nos resultados que vínhamos obtendo e no apoio institucional que tínhamos. Visitamos vários representantes do governo, entre os quais técnicos do Itamaraty. Sem figurar na programação, havia solicitado entrevista com Paulino. Com a agenda carregadíssima no dia, aquiesceu em nos receber por 15 mim, mas acabou alongando o tempo para meia hora tal o interesse do Ministro pelo assunto de gestão empresarial. O visitante ficou muito impressionado por eu ter sido recebido por um Ministro de Estado. O cargo dele era muito importante  e confessou que não era normal ele ser recebido por ministros no Japão. Mal sabia ele que Paulino era  amigo meu e de minha família, além de conterrâneo. Como resultado das visitas, nossa parceria continuou até 1998.

Destaco que Paulino foi candidato a prefeito de Belo Horizonte. Sempre terminava sua fala no horário político, de forma simpática, enviando um “um abraço do Paulino”. Ele não foi eleito, mas quem perdeu foi BH. Imitando-o envio “um abraço ao Paulino”.