Autoria de Rodrigo Coelho de Godoy

Em dezembro de 2018, participei no Vale do Silício de um programa executivo junto a oitenta líderes de  vinte países. Aqueles dias me proporcionaram uma mudança radical de visão de futuro do mundo. A constatação mais instigante – e assustadora para muitos – foi que a espécie humana evoluirá mais em 100 anos do que evoluiu nos últimos 20.000 anos. Para comprovar tal afirmação, os especialistas correlacionaram as inovações que historicamente mudaram a humanidade (imprensa, energia elétrica, automóvel, aviação, etc.) e o intervalo de tempo entre elas. Torna-se inegável que o ritmo de transformação atual é exponencial. As inovações  são cada vez mais recorrentes e cumulativas, sobretudo impulsionadas pela revolução digital.

Em meados de 2020, quando a OMS declarou a pandemia, meu sentimento inicial foi de que algo naquele futuro promissor havia “desandado”. Fomos confrontados com nossa fragilidade, à mercê de um novo e devastador vírus. Frente à triste mazela, o que estamos vendo é mais uma prova de que a humanidade possui hoje um poder de ação/reação “turbinado”. Pouco mais de um ano após a primeira contaminação, temos no mundo, não uma, mas quase uma dezena de imunizantes já desenvolvidos e em utilização. Ainda que experimentais, a maioria deles mostra um perfil de imunização satisfatório, amparado pelos resultados parciais, com efeitos colaterais isolados. Também merece destaque a evolução dos protocolos e a troca de experiências de tratamentos ao redor do mundo, que somente é possível com o aprendizado em rede. Tudo isso em menos de 18 meses. Boa notícia também é a participação do Brasil nessa luta. Temos dois laboratórios produzindo imunizantes, outras instituições desenvolvendo novos, e centros médicos contribuindo com a formulação, aperfeiçoamento e divulgação dos protocolos de tratamentos. Ainda estamos na dolorosa batalha com muitas e lamentáveis mortes. Mas só é possível ver um horizonte de esperança, porque as nações decidiram dar um “all in” contra o vírus, despejando capital e know-how para vencer o desafio. É claro que a mobilização frente a um novo problema tende a ser grande. Mas fica a pergunta: se temos hoje essa capacidade privilegiada de ação, por que não despendemos o mesmo esforço para vencermos os problemas crônicos mundiais, como  pobreza, fome, desnutrição, saneamento básico?  A ONU estabeleceu em 2015 um pacto global com 17 objetivos de desenvolvimento sustentável. É um conjunto inadiável de desafios, há uma enormidade a ser feita. Na qualidade de líderes não podemos nos omitir  frente a esses colossais problemas.

Boa notícia também é a participação do Brasil nessa luta. Temos dois laboratórios produzindo imunizantes, outras instituições desenvolvendo novos, e centros médicos contribuindo com a formulação, aperfeiçoamento e divulgação dos protocolos de tratamentos. Ainda estamos na dolorosa batalha com muitas e lamentáveis mortes. Mas só é possível ver um horizonte de esperança, porque as nações decidiram dar um “all in” contra o vírus, despejando capital e know-how para vencer o desafio. É claro que a mobilização frente a um novo problema tende a ser grande. Mas fica a pergunta: se temos hoje essa capacidade privilegiada de ação, por que não despendemos o mesmo esforço para vencermos os problemas crônicos mundiais, como  pobreza, fome, desnutrição, saneamento básico?  A ONU estabeleceu em 2015 um pacto global com 17 objetivos de desenvolvimento sustentável. É um conjunto inadiável de desafios, há uma enormidade a ser feita. Na qualidade de líderes não podemos nos omitir  frente a esses colossais problemas.

Publicado na revista Viver Brasil, edição digital, nº 244