Passado o Carnaval, o Brasil começa a se movimentar. O momento eleitoral que se aproxima tomará boa parte das discussões nos meios de comunicação e também nas ruas. Minha intuição diz que, ao invés da pauta prioritária do desenvolvimento econômico, ou seja, como o país fará para prosperar de forma sustentável, o combate à corrupção seguirá na ordem do dia. Trata-se de pauta de extrema relevância, mas será que podemos alcançar o status de uma sociedade desenvolvida unicamente com essa iniciativa?

Sobre o assunto, vale a pena ler a obra de Clayton Christensen, criador do conceito de inovação disruptiva. Em seu livro O Paradoxo da Prosperidade, Christensen dedica um capítulo inteiro ao tema da corrupção, indicando suas causas, estágios, exemplos de nações que conseguiram evoluir a um estágio de transparência (entendido por ele como o oposto da corrupção), e o que fizeram para tal. Segundo ele, mais do que novas leis, fiscalização e fortalecimento institucional, o que fez tais sociedades evoluírem do pior estágio de “corrupção escancarada e imprevisível” para o almejado status de “transparência” foi o fortalecimento e criação de novos mercados, com geração de oportunidades melhores para o homem médio prosperar com dignidade, sem precisar avaliar o risco-benefício da transgressão.

Ao ler o conteúdo, temos a convicção de que o Brasil oscila entre os estágios mais atrasados em termos de corrupção, entre a “escancarada e imprevisível” e a “oculta e previsível”. Também é certo que nosso contexto sócio-econômico ainda não provê a todos condições de prosperar dignamente.

Por essa razão, partindo da premissa de que o ser humano é bom em sua essência, e que a liderança tem enorme potencial transformador, precisamos avaliar com critério se os programas de governo que se apresentarão terão de fato uma rota coerente para prosperarmos como nação. Tenho especial curiosidade pelo que será apresentado para a educação brasileira, certamente o maior pilar para o desenvolvimento econômico no médio prazo.

Quanto à corrupção, é de especial valia que a cúpula governamental, em seus altos escalões, dê exemplo à sociedade. Isso é inegociável e nada mais é do que obrigação, por parte de quem recebeu a confiança de milhões de cidadãos, exercer o poder com probidade.