Tive um Professor, na época Coordenador do Curso de Pós-Graduação em Metalurgia, que descrevia a nossa situação institucional como sendo de micro ânimos e macro sustos. Outra imagem era a de que vivíamos pequenos picos (animados) e profundos vales (desanimados), na maioria das vezes nos vales. Isso era real, tal o nível de incertezas que se nos apresentavam, como: teríamos salas para professores e alunos, os laboratórios, o corpo docente completo, entre outros? A cada hora recebíamos notícias desconexas sobre a nossa continuidade no local de trabalho. Temos hoje outra realidade, tal a segurança e nível de certezas, não só na atividade de ensino e pesquisa, como também em muitas outras atividades conduzidas no País.

Todavia, existe um nível de pessimismo de dar inveja a Nelson Rodrigues, quando atribuiu ao brasileiro o complexo de “vira-lata”.  A economia se recupera e também empregos, a produção industrial aumenta, o agronegócio bate recordes (ora, o Brasil está alimentando meio mundo!), a balança comercial apresenta superávits, trabalha-se eficazmente para melhorar a infraestrutura, as concessões de estradas e aeroportos estão acontecendo, as privatizações, infelizmente ainda lentas, estão andando. Mas tudo isso não merece das mídias os devidos destaques, o que elevaria o moral da população. Só notícias ruins merecem grandes espaços. Vivi durante 3 anos no exterior, há muitos anos, e   constato que lá as mídias louvavam os feitos internos para insuflar o ego dos nativos (e naquele país nem tudo eram flores). Havia estrategicamente, é claro, blocos de notícias dedicados a mostrar as mazelas de outros países.

Devido ao complexo de “vira-lata”, não é enfatizado que já alcançamos, em muitas áreas, elevados patamares no conjunto das nações. Atualmente, é preciso reconhecer que há a postura deletéria das mídias viúvas das vultosas somas da publicidade oficial. Confesso que ainda assistia a noticiários, mas há mais de 2 anos que não ligo a TV. Lia determinados jornais, mas os suprimi, aproveitando o meu tempo para coisas produtivas. Aboli a navegação em certos sites pelo viés ideológico adotado e parcialidade na veiculação das notícias. Recebo publicações digitais, mas pelo título dos artigos de determinados articulistas (chegam a ser patéticos!) já “deleto” imediatamente. É evidente que há muita coisa boa acontecendo no País, de provocar genuíno orgulho. Na área educacional, mesmo na pandemia, MG venceu o desafio do ensino remoto. Algo maravilhoso aconteceu e nos iniciou na prática da Educação 4.0. Mas o complexo de “perdedor” não estimula o reconhecimento.