Agora Inês é morta

Sempre que digo a expressão “Agora, Inês é morta” algumas pessoas me olham com ar de interrogação. A explicação: A bela castelhana Inês de Castro foi um dos amores de D. Pedro I -1320 a 1367-( não o nosso D. Pedro I, que ao retornar a Portugal foi D. Pedro IV). O Príncipe teve com ela 3 filhos, apesar de casado com dona Constança. Por isso, a corte a rejeitava. Durante uma viagem de D. Pedro, seu Pai, D. Afonso IV, mandou degolar Inês. Após a morte do Rei, D. Pedro ascendeu ao trono. Não teve dúvidas, mandou desenterrar Inês. Reza a lenda que também mandou colocar o corpo de Inês no trono, pôs uma coroa em sua cabeça e compeliu os nobres presentes a beijar os ossos de sua mão. Está nessa narrativa a origem da expressão “Agora, Inês é morta”. Alguém deve ter dito: de que adianta isso “Agora, Inês é Morta”. Triste fim tiveram os algozes de Inês, por ordem de Pedro. Naquele tempo, era uma verdadeira barbárie: a degola de Inês e fim dos carrascos(tiveram os corações arrancados) são exemplos. SERÁ QUE HOUVE MUDANÇAS AO LONGO DOS ANOS? CONTINUAMOS OS MESMOS??? Camões, em Os Lusíadas, relata assim o episódio: Episódio de Dona Inês de Castro (Os Lusíadas, Canto III, 118 a 135) Passada esta tão próspera vitória, Tornado Afonso à Lusitana Terra, A se lograr...

Leia mais

Ensino de literatura por meio da poesia

Fiz estudos secundários à noite, no antigo Colégio Anchieta, da Rua dos Tamoios. Ensinar a uma turma fatigada, após um longo dia de trabalho, era, sem dúvida, um grande desafio. No científico(hoje ensino médio) tivemos excelentes professores (capazes de combater o cansaço dos alunos). Entre eles, tivemos o privilégio de contar com o Prof. Mauro Vilela, na árdua tarefa de ensinar literatura. E ele o fazia de forma inteligente por meio de poesias de consagrados autores. Minha memória fotográfica o  vê declamando com entusiasmo, excelente  postura cênica e magistral interpretação,  p.ex. versos de Os Lusíadas, de Camões:   Canto I As armas e os Barões assinalados Que da Ocidental praia Lusitana Por mares nunca dantes navegados Passaram ainda além da Taprobana, Em perigos e guerras esforçados Mais do que prometia a força humana, E entre gente remota edificaram Novo Reino, que tanto sublimaram….     Foi hábil em inspirar e motivar muitos alunos, entre os quais me incluo, no estudo da matéria. Ao longo do tempo, publicarei poesias que ficaram na memória, graças ao saudoso professor. Começo por Casemiro de Abreu (1839-1860), com o seguinte poema: DEUS Eu me lembro! eu me lembro! – Era pequeno E brincava na praia; o mar bramia E erguendo o dorso altivo, sacudia A branca escuma para o céu sereno E eu disse a minha mãe nesse momento: “Que dura orquestra! Que furor...

Leia mais

Até quando vão abusar da nossa paciência

Cícero (Marcus Tulius Cicero- 106aC/ 43aC), cônsul da República Romana, autor das célebres Catilinárias (também uma fase da LAVA-JATO), contra Lucius Sergius Catilina, que conspirou contra ele. Abaixo, o início da série de 4 discursos ( pelo menos, esta parte inicial estudei nos meus 4 anos de Latim): Quo usque tandem abutere, Catilina, patientia nostra? Quam diu etiam furor iste tuus eludet Quem ad finem sese effrenata iactabit audacia? Nihilne te nocturnum praesidium Palatii, nihil urbis vigiliae, nihil timor populi, nihil concursus bonorum omnium, nihil hic munitissimus habendi senatus locus, nihil horum ora vultusque moverunt? Patere tua consilia non sentis? Constrictam omnium horum scientia teneri coniurationem tuam non vides? Quid proxima, quid superiore nocte egeris, ubi fueris, quos convocaveris, quid consilii ceperis, quem nostrum ignorare arbitraris? O tempora, o mores! — Marcus Tullius Cicero Até quando, Catilina, abusarás da nossa paciência? Por quanto tempo a tua loucura há de zombar de nós? A que extremos se há de precipitar a tua desenfreada audácia? Nem a guarda do Palatino, nem a ronda noturna da cidade, nem o temor do povo, nem a afluência de todos os homens de bem, nem este local tão bem protegido para a reunião do Senado, nem a expressão do voto destas pessoas, nada disto conseguiu perturbar-te? Não te dás conta que os teus planos foram descobertos? Não vês que a tua conspiração a têm já dominada...

Leia mais