LIÇÕES DAS NAÇÕES PRÓSPERAS

Passado o Carnaval, o Brasil começa a se movimentar. O momento eleitoral que se aproxima tomará boa parte das discussões nos meios de comunicação e também nas ruas. Minha intuição diz que, ao invés da pauta prioritária do desenvolvimento econômico, ou seja, como o país fará para prosperar de forma sustentável, o combate à corrupção seguirá na ordem do dia. Trata-se de pauta de extrema relevância, mas será que podemos alcançar o status de uma sociedade desenvolvida unicamente com essa iniciativa? Sobre o assunto, vale a pena ler a obra de Clayton Christensen, criador do conceito de inovação disruptiva. Em seu livro O Paradoxo da Prosperidade, Christensen dedica um capítulo inteiro ao tema da corrupção, indicando suas causas, estágios, exemplos de nações que conseguiram evoluir a um estágio de transparência (entendido por ele como o oposto da corrupção), e o que fizeram para tal. Segundo ele, mais do que novas leis, fiscalização e fortalecimento institucional, o que fez tais sociedades evoluírem do pior estágio de “corrupção escancarada e imprevisível” para o almejado status de “transparência” foi o fortalecimento e criação de novos mercados, com geração de oportunidades melhores para o homem médio prosperar com dignidade, sem precisar avaliar o risco-benefício da transgressão. Ao ler o conteúdo, temos a convicção de que o Brasil oscila entre os estágios mais atrasados em termos de corrupção, entre a “escancarada e imprevisível” e...

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CONHECENDO AS PESSOAS-2

Há alguns anos, tomei conhecimento de um estudo realizado por uma consultoria israelense que assistia empresas em assuntos ligados à segurança. Apoiada em pesquisas confiáveis, a consultoria classificava os empregados de uma empresa em três grupos: 8% eram pessoas honestas, confiáveis, que não transgrediam em hipótese alguma; 8%, constituídos de pessoas deletérias, não confiáveis, desagregadoras, sempre prontas a burlar os padrões. Deveriam ser desligadas da organização; 84% poderiam pender para o extremo das pessoas não confiáveis, se a vigilância não fosse eficaz e a liderança não confiável. Segundo o estudo, os percentuais são válidos para qualquer continente, país e raça. A minha experiência de vida por três anos na Noruega indicava o contrário, pois nunca aparentemente notei desvios comportamentais significativos das pessoas. Deve ter sido o avanço social e a conscientização do povo, os cuidados do Estado, numa tal intensidade que previne transgressões às normas de convivência. Na época, questionei o estudo quanto ao tão elevado percentual de pessoas classificadas como deletérias e não confiáveis. Hoje, fazendo um retrospecto da minha atuação em várias organizações, eu o endosso e constato que trabalhei com muita gente não condizente com padrões recomendáveis e aceitáveis. É preciso uma supervisão preventiva, constante e diligente. Recentemente, ouvi a pregação sobre o “bom pastor”, que dá a vida por suas ovelhas. Se uma ovelha tiver um surto e começar a correr em direção a um...

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O IMPREVISÍVEL 2022

Recentemente, escrevi um artigo intitulado Como exorcizar o pessimismo, mas julgo que as sugestões ali contidas não são aplicáveis a 2022, pois teremos eleições gerais. Teremos que eleger 513 deputados para Câmara (um número exagerado) e renovar 1/3 do Senado. É o segundo Congresso mais caro do mundo, haja vista que um parlamentar brasileiro ganha seis vezes mais que um parlamentar francês ou alemão. O custo anual deve andar na casa dos R$ 25 bilhões, para salários e regalias. Ainda assim, o desempenho dessa máquina é pífio. Por exemplo, por que a maioria dos integrantes da Câmara não reage ao ativismo político do STF? No Senado, a maioria que o compõe é sofrível, atestada por atitudes em recente CPI. Já seria uma boa medida não reeleger deputado que derrubou o veto do presidente da República, mantendo o fundo eleitoral em R$ 5,7 bilhões. Tudo indica que a disputa da Presidência ficará polarizada entre Bolsonaro e Lula da Silva. Tudo leva a crer que o “Sistema”, constituído pela mídia que anseia pela volta das polpudas verbas publicitárias oficiais, artistas famosos que surfavam na Lei Rouanet, alguns banqueiros e empresários que muito lucraram com o período petista, além dos ideólogos de esquerda, vão lutar denodadamente para a volta do tempo em que foram regiamente favorecidos. Ressalte-se que nunca antes um presidente da República foi tão sabotado: por governadores eleitos atrelados ao...

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CONHECENDO AS PESSOAS

Como executivo, o CEO de hoje, durante muitos anos, desenvolvi um feeling a respeito de pessoas, uma certa capacidade para ler nas entrelinhas. Quando me solicitavam uma reunião, p.ex., observava os detalhes. A maneira de entrar na sala, com passos decididos ou não, com olhar firme ou mirando o horizonte, sem saber lidar com as mãos, e outras posturas, indicava se o que vinha pleitear ou propor era algo legítimo. Outra convicção era a respeito das pessoas com as quais tinha convivência longa interação profissional:  podia inferir se eram leais ou não. Assim, julgava que conhecia múltiplas facetas e qualidades do ser humano. Recentemente, encontrei o seguinte depoimento (autor desconhecido): “Apanhei muito da vida até aprender que nunca mais devo dizer: ‘Conheço essa pessoa o bastante e ela nunca faria isso’, porque no fundo jamais saberemos do que uma pessoa é capaz. Ninguém conhece ninguém de verdade”. É a mais genuína verdade. Posso afirmar que pessoas, com as quais tive longa convivência e julgava-as leais, foram capazes de protagonizar ações impensáveis. Prosseguindo, há alguns conceitos que são imutáveis. P.ex., “…Toda árvore boa produz frutos bons, e toda árvore má, produz frutos maus”, Mt 7,17. Quanto ao ser humano, há exceções! Conheci pais justos e íntegros e filhos completamente diferentes: possivelmente, os frutos caíram da árvore, rolaram para longe e apodreceram. Já encontrei frutos maus supostamente vindo de árvores boas;...

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