No penúltimo artigo, afirmei que tinha atingido o limite da paciência. Todavia, neste quesito, o limite do brasileiro tem que ser elástico. A situação só piora e o País parece derreter. Debitei ao foro privilegiado as mazelas que vêm nos assolando. Tinha a expectativa de que fosse derrogado pelo Congresso.  No Senado, em 2a. votação, a PEC proposta originalmente foi desfigurada.  Os “ nossos representantes” querem mesmo o salvo conduto para delinquir, amparados na morosidade da 3a. Instância. Na Câmara, tudo indica que o foro terá o mesmo desfecho.  Nenhum parlamentar será preso, em vista da manutenção dos privilégios. Recentemente, com a delação de executivos da JBS, ficou demonstrado que não há exceção, a maioria encontra-se na vala comum. Tomaram o País de assalto! Agora não dá para diferenciar este ou aquele Partido. É tudo igual. O espírito público e a lisura nos procedimentos são retórica de discursos. Revisitando pronunciamentos de envolvidos, integrantes do alto escalão da República (defendendo o combate à corrupção, conchavos e fazendo apologia à honestidade), constata-se a desfaçatez   dessas pessoas. O interessante é que todos os mencionados em delações negam peremptoriamente, na maior cara de pau, qualquer participação nos fatos narrados, dizendo que são ilações, mentiras, a fim de que os delatores tenham penas reduzidas. Como a rapinagem foi generalizada, articula-se um “Acordão” para proteger a corja, inclusive sufocando a operação Lava-Jato. Se isto se confirmar, espero reação pronta da sociedade.

 

Do ponto de vista da gestão, tem-se que visar aos cabeças do movimento, em consonância com o Princípio de Pareto (em todo problema, poucas causas são importantes e muitas triviais). Por isso, é imprescindível   cassar os nomes, conhecidos, sendo desnecessário nomeá-los. São exatamente estes os grandes articuladores na luta pela manutenção deste lamentável estado de coisas. Não largam o “osso”! Se por um passe de mágica, pudéssemos eliminar os líderes da corrupção haveria uma onda moralizadora no País, a ponto de se construir uma consciência de que delitos como colar em provas, estacionar em local proibido, avançar o sinal de trânsito passariam a ser considerados muito graves. Hoje, estes pequenos delitos (para mim extremamente graves) são considerados “fichinhas” em comparação com o que acontece no País, devido à promiscuidade entre os setores privado e público. Como “não há mal que nunca se acabe”, fico na esperança de que algum fato novo ocorra e mude   a nossa realidade. Podemos amenizar o clima reinante: esqueçamos Brasília. Aliás, estou vendo bons exemplos acontecerem. O campo está dando uma resposta ao País com safra recorde de grãos. A indústria de caminhões e máquinas está exportando montantes substanciais.  Não obstante, muitas associações de classe e empresários ainda ficam aguardando concessões e providências do Poder Central. Na minha vida na Universidade, trabalhamos para a indústria incessantemente e, por isso, captamos muitos recursos para nossas atividades de ensino e pesquisa, e também como empresário nunca ficamos esperando benesses, subsídios, doações, nem instruções do que fazer. Trabalhamos muito para governos e empresas e fomos remunerados pelo nosso trabalho, sempre produzindo resultados muito além dos prometidos. Não devemos favor a ninguém.

 

A propósito, todo povo tem o governo que merece (há controvérsias, pois acho que não merecíamos os últimos governos). Os USA têm D. Trump agora.  Não é que ele rompeu com o Tratado de Paris? Cabe à China, grande poluidora, tomar a liderança na condução de ações para frear as mudanças climáticas. Dando o exemplo, acaba de inaugurar a maior usina solar flutuante.

 

Da minha parte, também contribuo. Instalei usinas de geração de energia solar (1 na minha residência e 2 na fazenda). Já tenho uma produção de 6.500 kWh/mês. A instalação de usinas solares ainda é cara, pois se pagam em 7 anos, devendo funcionar por 25. Porém, é preciso dar o exemplo, senão ninguém sai do lugar. Quando da 1a usina na fazenda, em 2015, havia cerca de 400 projetos no País. Agora, quando da instalação da 2a,  são cerca de 12 mil. Para a 2a , o custo já caiu 30%. Vamos trabalhar, pessoal! Ora et labora, lema dos Beneditinos. Em 2018, vamos tratar os políticos como merecem.  Quanto a Trump, espero que fique isolado do concerto das nações.

 

PUBLICADO NA REVISTA VIVER BRASIL, EDIÇÃO No. 199