O capitalismo americano está revendo seus conceitos (https://braziljournal.com/,
Natalia Viri). O Business Roundtable, associação que reúne companhias americanas
com faturamento de mais de US$ 7 tri, decretou que “o lucro não é mais o propósito
maior das empresas”. Duas centenas de CEOs estão se comprometendo com clientes,
empregados, fornecedores e comunidade. O lucro de longo prazo vem em último
lugar. Ora, o que acontece nos EUA logo aqui chega. E, em boa hora, veremos a
estratégia de parte dos empresários brasileiros ser reprovada. Já está acontecendo,
mas houve um tempo que era admirada e copiada. O lucro em primeiro lugar, a custa
da exigência de dedicação extrema dos empregados, principalmente. O sistema de
avaliação forçada tinha que recomendar a dispensa de pelo menos 10% do quadro,
sob o pretexto de não atender a requisitos de desempenho, até como sinalização aos
remanescentes para se dedicarem mais e atingirem patamares mais elevados. A
reposição era sempre feita por meio de seleção rigorosíssima.
Creio que, como criatura, obra de Deus, todos temos uma missão a cumprir neste
mundo. Imbuído deste sentimento e gerenciando pessoas temos que dar
oportunidades para que se realizem. Todos temos habilidades! O gestor tem a tarefa
nobre de desenvolver talentos para a glória da Criação. As atividades são múltiplas e é
sempre possível encontrar desafios para algumas das inteligências, conforme H.
Gardner. Faço ressalvas para o casos de desvios de caráter que impeçam pessoas de
serem diligentes e responsáveis.
No passado, encantamo-nos com o sistema de gestão japonês, pela simplicidade na
implementação, partindo do bem simples no início para atividades mais complexas,
quando já houvesse bons resultados capazes de motivar e mobilizar as pessoas. O
sistema abarca as dimensões qualidade intrínseca, custo, atendimento, moral e
segurança, revelando-se claramente o seu conteúdo humanístico. No dia a dia das
empresas, há intensa participação de todos os colaboradores por meio de sugestões,
do programa 5S e dos CCQs. Por influência desse pacto laboral, contribui-se para que a
sociedade japonesa seja harmoniosa. Na filosofia japonesa, o impacto econômico é
assim pensado: faça da melhor forma, conforme as dimensões envolvidas, o lucro vem
como consequência, como prêmio. No início, difundimos a gestão no Brasil como foi
inspirada pelo Japão; com o tempo, a variável econômica foi realçada, prevalecendo a
vertente do lucro imediato. Com a mudança de perspectivas nos EUA que certamente
aqui aportará, voltaremos a praticar o que foi originalmente concebido.

PUBLICADO NA REVISTA VIVER BRASIL, EDIÇÃO 226