A área pública precisa de uma boa gestão, de racionalizações e cortes, de drástica diminuição do seu custeio. O tamanho do Estado é gigantesco, sendo o gasto para mantê-lo é absurdamente elevado.  A arrecadação de tributos bate recordes a cada ano; ainda assim, é insuficiente, haja vista o endividamento do País, que já atinge mais de 2 trilhões de reais. Para piorar a situação, os  serviços para a população, como educação, saúde, transporte, segurança, são de péssima qualidade. Então, uma gestão voltada para melhoria de resultados deveria ser permanente, conduzida de forma obcecada, persistente, sem interrupção devido a troca de mandatos e nuanças políticas, principalmente.

Algumas iniciativas já foram feitas na área federal, em governos estaduais e municipais , no legislativo e judiciário.  As iniciativas produziram resultados, mas em todos os casos não houve continuidade. Trabalhamos em Estados em que a situação era caótica, com gastos irracionais, arrecadação precária, déficit fiscal elevadíssimo e insustentável. Em pouco tempo, a contribuição da gestão para melhoria de resultados juntamente com outras medidas do governo deram uma arrumada na casa. Como consequência, houve  equilíbrio fiscal.  Normalmente, dever-se-ia pensar  em aprofundar a análise dos fatores intervenientes, treinar vários escalões para  aprender a estabelecer metas e atingi-las, promover a reestruturação de processos,  incorporar e utilizar ferramentas mais poderosas. Enfim, a estratégia de melhoria contínua seria permanente. No entanto, a tática é dar-se por satisfeito com resultados iniciais, quando  foi trabalhada apenas a ponta do “iceberg”.  Nos nossos trabalhos, utilizamos pessoal que dedicou anos de estudos à matéria, participando de seminários internacionais com grandes especialistas, visitas a empresas líderes em qualidade e produtividade, venceu desafios em grandes corporações e produziu resultados excepcionais. Trabalhamos em grandes empresas  por mais de 20 anos, sempre agregando novos conhecimentos e ferramentas.  De forma diversa, técnicos de alguns Estados, portadores de conhecimentos superficiais adquiridos nesses projetos de curta duração, julgam que são grandes especialistas e propõem-se a  continuar os projetos e  até a instruir outros Estados e munícipios.  É o fim da picada.

Na área educacional, vivenciamos o mesmo procedimento. Trabalhamos em vários  Estados e resultados animadores foram obtidos. Porém, os projetos foram interrompidos por mudança de  governantes ou por acharem que já dominavam o assunto. Normalmente, os dirigentes ficam satisfeitos com  resultados parciais e isto já é motivo para desenvolverem campanhas publicitárias enaltecendo os “maravilhosos” resultados alcançados. Acontece que o   Brasil permanece estacionado no teste do PISA-Programme for International Students Assessment.

Vejam o caso o Rio de Janeiro. O Governador Sérgio Cabral investiu pesado em melhoria das salas de aula, bibliotecas, computadores para  professores, laboratórios de informática, etc. Porém, o resultado no IDEB/2009 não mudou, ficando o Estado em penúltimo lugar.  No segundo mandato, resolveu investir na atividade-fim. Contratou um projeto ao INDG. Eu fui o supervisor desse projeto e Maria Helena Godoy foi a coordenadora até setembro de 2011. Houve gigantesca mobilização da rede estadual, formação de 250 facilitadores e tomadas  medidas legais e administrativas pelo Secretário da Educação para facilitar a melhoria dos resultados. Como previsto, o Rio de Janeiro saltou  do penúltimo para o 15o. lugar  no IDEB/2011, em um ano. Infelizmente, o projeto foi interrompido e é continuado apenas com o pessoal da Secretaria na  perspectiva de que os conhecimentos iniciais são suficientes, quando ainda há muito a agregar.

Preocupo-me especialmente com a educação.  Muitos estrangeiros estão vindo para Brasil. Nas minhas caminhadas no calçadão da lagoa seca do Belvedere  já ouço  várias línguas, um sintoma de maior presença estrangeira.  Isto é bom pois poderemos nos beneficiar da contribuição de pessoas bem educadas e treinadas. Não sou xenófobo, pois  imigrantes contribuíram para a construção do  Brasil.  Porém, fico insatisfeito pelo fato de   muitos brasileiros ficarem alijados de bons empregos pela educação deficiente provida pelo nossa sistema educacional.