O atual governo, titubeante, tergiversa  e não toma  as decisões necessárias. Estamos à beira de um colapso na área de energia. Não choveu o suficiente e, de acordo com  previsões, vai chover pouco neste resto de semestre. A caixa d’água do Brasil, Minas Gerais, está vazia. Lendo a coluna da Profa. Dad Squarisi, Dicas de Português, o que faço duas vezes por semana, encontro o seguinte: “Bem Escasso. O maior calo do Brasil? É a reprise de velho drama de tempos idos e vividos: de dia falta água, de noite falta luz. Brasília, Rio, São Paulo & cia. menos visível acordam com as torneiras secas e dormem à luz de velas. Mas o governo faz de conta que nada está acontecendo. Nega-se a pronunciar a palavra racionamento. Bobeira, não? Racionar pertence a família prá lá de humana. É irmão de raciocinar, racional, arrazoar, arrazoado. São todos filhos do mesmo substantivo razão. Suas Excelências se apegam a outro membro do clã. Qual? Ele mesmo- irracional”.

Em 2001, houve a mesma ameaça. Mas o País era dirigido pelo estadista Fernando Henrique Cardoso, pessoa de outra estirpe e grande descortino, que soube tomar decisões. Antecipando-se à grave crise, instituiu a “Câmara de Gestão da Crise de Energia” e convidou especialistas e pessoas responsáveis pelo  assunto para fazer parte dela.  A FDG-Fundação de Desenvolvimento Gerencial, que à época ainda executava serviços de consultoria(hoje é assistencial), também foi convidada a participar e contribuiu com a presença de técnicos de alto saber na área de gestão. A situação era muito parecida com a atual. Os reservatórios das hidroelétricas  estavam  nos mesmos níveis.  Agregue-se o fato de que não tínhamos tantas usinas térmicas.

Durante os trabalhos da Câmara, havia um grupo que defendia apagões didáticos,  não levando em conta os perigos que isto poderia causar, até com perda de vidas, em hospitais ( os que não tinham geradores),   no trânsito caótico por falta de sinalizações, entre muitos outros itens. Outro grupo defendia a conscientização da população e  de segmentos industriais e comerciais que consumiam mais energia. Felizmente, prevaleceu essa ideia e, para motivar ainda mais as pessoas, colocaram-se metas.  Nisso contribuiu muito a opinião de técnicos da FDG. Pois bem! Houve verdadeira cruzada para economia de energia.  A indústria racionalizou o seu consumo; nas residências trocaram-se equipamentos antigos, gastadores de  energia, e  lâmpadas incandescentes por fluorescentes,  banhos mais rápidos; onde havia dois elevadores, apenas um era ligado; a iluminação das ruas à noite foi reduzida. Enfim, um sem número de iniciativas  possibilitaram atingir a meta de 20% de economia.  A racionalização do consumo foi tão grande que demorou alguns anos para se atingir o consumo pré-crise. No momento, não é preciso ser grande entendedor da matéria para perceber que há de novo  muitos  desperdícios. Há exemplos gritantes de percepção óbvia. Um simples: muitos kwh são gastos para fornecer água potável à população. Não deve ser usada  para lavar calçadas. Água não é vassoura!  Fico perplexo, quando vejo isso acontecendo. Por que, então, o medo do racionamento? De maneira honesta,  deve-se admitir que a situação é grave e conscientizar a população. Coloque a meta de 20% e a desdobre por segmentos. Certamente, a crise não se implantará.

Tudo na vida necessita de planejamento e tomada de decisões.  O regime de poucas chuvas em Minas Gerais  se repete pelo 3o. ano.  É preciso encontrar soluções. Na fazenda de minha família, estamos investindo pesado em irrigação e armazenamento de água. Tem chovido pouco, mas quando acontece é de grande intensidade. Necessário se torna construir açudes e represas para melhor aproveitar as chuvas. Estamos também plantando mais árvores para proteger  mananciais e nascentes.  Com todas essas providências, espera-se que haverá água e alimento para o gado, mesmo com longas estiagens.

É desanimador assistir à inércia do governo, deixando-nos ao sabor da natureza, sem planos preventivos e sem expressar as verdadeiras ameaças. O improviso é tão grande que há, v.g., usinas eólicas prontas, mas não existem linhas de transmissão para integrá-las ao sistema elétrico. Isto é chocante!  Merecemos mesmo alguns apagões para aprender a escolher  governantes.