Teste de honestidade no Paraná

Coincidentemente, após eu escrever o artigo “que Renasça a Esperança”, em que menciono a minha passagem pela Noruega, tomo conhecimento de uma experiência que está sendo realizada no Paraná. A ideia foi de um professor de Engenharia, inspirada no período em que ele viveu na Noruega. Foi um choque de culturas. “Lá, eles deixavam os produtos na rua, as roupas, as frutas. A pessoa pegava a fruta na banca e entrava no comércio para pagar. Se quisesse pegar a fruta e ir embora, podia”, lembra André Luís Shiguemoto, professor que coordena o projeto. De volta ao Brasil, o professor foi atrás de patrocínio e montou o projeto na UTFPR- Universidade Tecnológica Federal de Cornélio Procópio, norte do Estado. A faculdade está usando picolés para testar honestidade. No corredor da entrada principal do campus, um freezer lotado de picolés. Custa R$ 2,00/cada. Não há vendedor nem câmera vigiando. É só pegar e depositar o dinheiro na urna ao lado. O gesto esperado numa cena corriqueira virou teste de confiança. É a revelação do caráter, uma prova de honestidade. “Você agir ilegal, você passar para trás é uma coisa que não pode, é uma coisa errada”, diz um estudante. Sempre que termina o estoque, o pessoal conta o dinheiro para saber como foi o movimento. O balanço é público e fica exposto num mural. Em um mês, foram retirados 2.400 sorvetes...

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Um Estado em decadência

Minas Gerais encontra-se em franca  decadência.   Não fosse o agronegócio a derrocada seria maior.  Há muito tempo, o Estado era um importante centro financeiro: 4 bancos estatais foram vendidos( e teriam mesmo que ser, pois serviam  para governantes perpetrarem as pedaladas fiscais, além de outros desvios) e 4 outros privados, considerados de grande porte, também o foram.  A mineração e a metalurgia eram grandes geradoras de empregos e arrecadação. Agora, devido  à drástica redução do preço do minério de ferro em razão da desaceleração da China, as exportações geram menores resultados financeiros, apesar da valorização do dólar. Acresce a isto o acidente da Samarco, que trouxe   insegurança à atividade mineradora.  Em 2015, o prejuízo  da Vale de R$ 44 bilhões é algo inacreditável. A siderurgia enfrenta  crise seriíssima. A capacidade instalada mundial é superdimensionada. Com o País em estagflação, o consumo  caiu muito. A indústria automobilística e a construção civil, grandes consumidores dos produtos, reduziram  as suas atividades. A solução seria exportar. Num mercado em que a oferta é maior que a demanda, sobrevivem as empresas mais competitivas. Mas as nossas não mais o são.   Oriundo do Vale do Aço, fui influenciado a cursar engenharia metalúrgica. Fiz um bom curso, informativo,  voltado à produção, com descrição de equipamentos, processos e padrões operacionais. Não deu embasamento para acompanhar mudanças científicas e tecnológicas que ocorrem ao longo dos anos de...

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Entregues à própria sorte

Temos uma fazenda em Frei Inocêncio, a 330 quilômetros de BH, que requer cuidados administrativos e presença dos donos, com certa frequência. A viagem à fazenda é um desafio, apesar da pequena distância. A melhor opção é o trem da Vale. Porém, de porta à porta, são 8h, o que, convenhamos, é um tempo muito longo para cobrir distância tão reduzida. A viagem de avião tem custo exorbitante (por falta de concorrência) e ainda é imprevisível. Com mau tempo ou céu nublado, o avião não aterrissa por falta de instrumentos. Em 2 oportunidades, sobrevoamos a cidade e tivemos que aterrissar em Ipatinga, onde o aeroporto é mais bem aparelhado. Completa-se a viagem de carro. Em outra ocasião, retornando a BH, o avião não pôde aterrissar e o voo foi cancelado. Tive que enfrentar a BR–381, o que nunca mais farei. Esse descaso é um grande absurdo. Uma região economicamente tão importante merece aeroporto com recursos mais adequados. A viagem pela BR–381 não é uma opção. A rodovia é perigosa, com muita razão batizada de rodovia da morte. Nas minhas últimas experiências, além dos sustos, houve atrasos de várias horas. São comuns os acidentes, com interrupção do trânsito, devido a carretas tombadas, entre outros percalços. Descrevo essas dificuldades para demonstrar o quão mal servido de infraestrutura está o país. Certamente, com rodovia duplicada e outro traçado, faríamos a viagem em,...

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Ano novo, desculpas antigas

Fiz pós-graduação na Noruega durante 3 anos, isso há 40 anos. Já era um país rico. Depois da descoberta de petróleo no mar do Norte, tornou-se ainda mais abastado. Administrou com competência o recurso não renovável, aproveitando os preços altos da commodity até 2013, elevou o nível de riqueza da população e ainda constituiu fundo de cerca 1 trilhão de dólares para que as futuras gerações usufruam dos benefícios do petróleo. É uma quantia muito significativa, quando se considera que a população é de apenas 5 milhões de habitantes. Pelo 12º ano consecutivo, a Noruega ocupa o 1º lugar do ranking do IDH (0,955), sendo o Brasil o 85º ( 0,730). A sua renda per capita é de 100 mil dólares. Mas nem tudo são flores. A BBC Brasil lista 5 razões para não ser tão fã da Noruega: alta carga tributária, gasolina e cerveja caras, os lobos correm riscos de extinção devido à caça e alto consumo de droga. Ora, os preços da gasolina e cerveja não devem parecer tão elevados para quem tem a renda per capita relatada. A caça aos lobos pode ser revertida quando quiserem, pois os cidadãos são conscientes e disciplinados. O consumo de drogas é, de fato, um problema, mas duvido que seja maior do que no Brasil. A carga tributária de 39% ( já foi de 47,5%) é, em termos relativos, menor...

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