Abomino a maciça propaganda dos governos federal, estadual e municipal. Pelo volume e abrangência, depreende-se que são gastas vultosas somas. Também o Legislativo, Assembleia Estadual e Câmara Municipal, aderiram à mesma prática. Considero isso um grande desperdício, pois há destinações mais nobres para as verbas, principalmente na educação, saúde e segurança. Os governantes deveriam entender que as pessoas saberiam reconhecer os feitos e dariam os devidos créditos a quem, de fato, fizesse boas administrações e realizasse obras necessárias, seguras e sem superfaturamento. Por exemplo, o governo que duplicar e tornar mais segura a BR-381, de Belo Horizonte a Governador Valadares, certamente ficará na história. Merecerá um busto no ponto em que ocorre a maioria dos acidentes.

Não é aceitável esta propaganda avassaladora, na maioria lastreada em inverdades. A minha repulsa é tanta que, na mídia escrita, não tomo conhecimento do conteúdo e passo as páginas sem dar a mínima atenção. Na TV, vejo noticiários, em geral. Nos horários nobres, a propaganda é mais intensa e, é claro, deve ter custo mais elevado. Naqueles minutos, mudo de canal, em protesto, e só retorno depois de transcorrido o tempo dos anúncios. Também, abomino as chamadas de novelas durante os noticiários. Essas novelas são uma praga brasileira, um grande desperdício de tempo da população, que poderia usar muitas horas do dia em atividades mais edificantes e prazerosas, como leitura, reflexões, orações, convivência familiar saudável. Pelo menos, as pessoas não entrariam num processo de embotamento, ao longo da vida, como parece acontecer.

Fui surpreendido, de modo positivo, com uma veiculação da Copasa. Relata seus esforços para tratamento de esgoto e incentiva a população a economizar água, sugerindo banhos mais curtos, operação de máquinas de lavar pratos e de roupas quando estiverem cheias, lavação de carros só com baldes, entre outros. Depois vi que a Cemig faz campanhas semelhantes. É disso que precisamos, campanhas educativas constantes para evitar desperdícios. “Água é mole, a pedra é dura, tanto bate que até fura”, diz o ditado. Não é que há exemplos interessantes! Moro no Belvedere, na Lagoa Seca, e do meu apartamento avisto cerca de 30 prédios. De madrugada, por curiosidade, verifico que não há lâmpadas acesas, como no passado. Um ou outro apartamento mostra alguma iluminação. Vejo também no BH Shopping, em geral, tudo desligado. Ou seja, as pessoas aprendem, principalmente quando pesa no bolso. Tornei-me um aficionado renitente do combate ao desperdício, modelo mental aprendido quando vivi na Noruega, país que possui o IDH mais elevado do mundo. Quanto mais desenvolvido é o país, mais aguçadas são as noções de economia. Exceção feita para os EUA. que são, por excelência, uma nação gastadora de recursos.

Já escrevi artigos nos quais condeno o uso de mangueira em substituição da vassoura para lavar pisos e calçadas, a ação de jogar lixo nas ruas, que gera despesas para a sua retirada, entre outros. Em casa, fizemos uma cruzada para economizar água e energia elétrica. Substituímos todos os equipamentos elétricos e lâmpadas por mais eficientes. Banhos são mais curtos, máquinas de lavar roupas e pratos operam com capacidade completa, fecham-se torneiras ao escovar os dentes etc. Dito assim, parece uma camisa de força, mas é uma questão de hábito. Tudo flui naturalmente. É necessário educar as pessoas que trabalham na casa. Leva tempo para convencer a empregada de que, ao cozinhar os alimentos, quando a água começar a ferver, pode-se passar para a chama branda. Ela retruca que precisa cozinhar mais depressa. Respondo, não adianta: com a chama mais alta a temperatura não sobe, a taxa de evaporação é que aumenta ( é maldade falar em taxa de evaporação!). Insisto sempre para que não lave vasilhas em água corrente, quando não estiver usando a máquina. Digo que, na Europa, eu usava uma pia para colocar a louça de molho e a outra para enxaguar. Quando não se têm duas pias, usa-se uma bacia para colocar de molho. Enfim, temos que condenar o desperdício, pois as oportunidades de economia são ilimitadas, em quase todas as áreas de nossas atividades. Não relaciono algumas e forneço mais dicas porque este espaço não comporta.