Autor: José Martins de Godoy

Ano novo, desculpas antigas

Fiz pós-graduação na Noruega durante 3 anos, isso há 40 anos. Já era um país rico. Depois da descoberta de petróleo no mar do Norte, tornou-se ainda mais abastado. Administrou com competência o recurso não renovável, aproveitando os preços altos da commodity até 2013, elevou o nível de riqueza da população e ainda constituiu fundo de cerca 1 trilhão de dólares para que as futuras gerações usufruam dos benefícios do petróleo. É uma quantia muito significativa, quando se considera que a população é de apenas 5 milhões de habitantes. Pelo 12º ano consecutivo, a Noruega ocupa o 1º lugar do ranking do IDH (0,955), sendo o Brasil o 85º ( 0,730). A sua renda per capita é de 100 mil dólares. Mas nem tudo são flores. A BBC Brasil lista 5 razões para não ser tão fã da Noruega: alta carga tributária, gasolina e cerveja caras, os lobos correm riscos de extinção devido à caça e alto consumo de droga. Ora, os preços da gasolina e cerveja não devem parecer tão elevados para quem tem a renda per capita relatada. A caça aos lobos pode ser revertida quando quiserem, pois os cidadãos são conscientes e disciplinados. O consumo de drogas é, de fato, um problema, mas duvido que seja maior do que no Brasil. A carga tributária de 39% ( já foi de 47,5%) é, em termos relativos, menor...

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Hora de reagir

“Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca acabe”, ensina a sabedoria popular. Por isso, esta crise sem precedentes vai passar. Refletindo sobre o assunto, concluo que seria fácil debelá-la. Bastaria que os principais atores da atual governança do país, num ato magnânimo, desistissem de seus cargos. Afinal, o que essas pessoas buscam? Estão agarradas aos postos na condução de projetos de extrema importância para a nação? Nada disso. São projetos pessoais de manutenção no poder de alguns para impedir apuração de denúncias graves e consistentes, que ensejam a perda de mandatos. Há trocas de proteções escancaradas. No caso da presidente, a incompetência gerencial é incontestável. Lutou com todas as armas para ganhar a eleição. Para quê? Para conduzir qual projeto? Nenhum, em especial. O seu ajuste fiscal se resume em aprovar a CPMF. Já havia provado a sua incompetência no primeiro mandato. Quer ratificar as proezas feitas? Pelo visto, vai se superar. A crise é nitidamente política. Com a entrada de novos dirigentes, com credibilidade, empresários brasileiros certamente voltariam a investir. A comunidade internacional focaria no Brasil. Há, no momento, muita liquidez no mundo que, pelas nossas condições favoráveis, canalizaria investimentos para projetos de infraestrutura, concessões, fábricas, turismo, entre outros. O empresário Abílio Diniz declarou, numa conferência em Nova Iorque, que o Brasil está em liquidação. De fato, os ativos estão muito baratos e as oportunidades...

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Que crise gigantesca!

Já vivenciei muitas crises. Mas esta é a maior. Nunca antes na história deste país atingimos tal situação, devido à gastança desenfreada para ganhar eleição. Chegar a esse estágio depois de o Brasil dar ares de país grande, de bola da vez, é impensável. Tenho escrito, principalmente, sobre gestão, área a que tenho me dedicado nos últimos anos, pois reconheço que há muito o que fazer para reverter os resultados do país. No denominado Doing Business 2016: Medindo Qualidade e Eficiência, o Brasil caiu mais 5 posições no ranking do Banco Mundial, ocupando a 116ª, no levantamento entre 189 países. Nas organizações, há muitas oportunidades de melhoria, como redução de desperdícios, reestruturação de processos, inovação tecnológica etc. Porém, a maior parte do que se faz é aniquilada pela infraestrutura precária, tributos elevados (ainda falam na volta da CPMF), uso do BNDES para benesses, burocracia, corrupção, desordem fiscal e política, entre outras mazelas. Como motivar para a gestão eficaz, tema que está desgastado? A presidente tinha o rótulo de expert na matéria. Se fosse, ter-se-ia a indicação de que gestão não funciona. Como isso não é verdade, parece que ela não possui os conhecimentos apregoados. Voltando à crise, vemos que a manutenção da Selic em 14,25% não vai debelar a inflação. Estamos presenciando um círculo vicioso que vai nos levar à insolvência. Juros elevados induzem à retração do crédito, as...

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A sedução do poder

Há gente que faz malabarismo para permanecer no poder. É o caso do sr. Joaquim Levy, ministro da Fazenda. Não era do ninho petista e não foi a primeira opção do governo. Com a negativa de outros nomes, deve ter sido convencido por empresários, principalmente, a aceitar o cargo. Foi recrutado como âncora para o mercado. Fiquei com a esperança de que conduziria a economia de forma autônoma, segura, sem a subserviência do sr. Mantega. Ora, deveria ter usado este cacife e se imposto na condução da Fazenda. Aceitando ingerências, veio a público com um reajuste fiscal pífio, propondo medidas difíceis de serem aprovadas. E várias o foram pela metade. Era visível o seu desconforto, ao lado do sr. Nelson Barbosa, que parece ter respaldo, anunciando o citado reajuste, no qual os trabalhadores pagaram a maior parte da conta. O governo permaneceu com seus gastos quase intactos. Façamos um paralelo: quando um trabalhador perde o emprego, tem que reduzir drasticamente suas despesas para sobreviver. O governo deveria fazer o mesmo. Cortar custos, de forma implacável, para garantir um superávit primário que desse segurança de que está colocando a casa em ordem. Pelas interferências, se eu fosse Levy, teria pedido o boné. Recentemente, anunciaram o orçamento de 2016 com déficit de 30,5 bi. Que burrada desmoralizante! Se, na largada, já admitem um rombo de tal magnitude, é de se prever...

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Tempos difíceis, mas promissores

Estamos vivendo tempos difíceis. Mas ventos da mudança começam a soprar. O processo do Mensalão, graças ao ministro Joaquim Barbosa, colocou políticos e operadores na prisão. Um feito inédito. Fiquei exultante com o resultado, embora defendesse penas maiores para os intelectuais do esquema, e tenho a convicção de que faltou gente no rol de condenados. A Operação Lava Jato, tendo como principal baluarte o juiz federal Sérgio Moro, já condenou empresários, funcionários de estatais e operadores. E muitos ainda enfrentarão a Justiça. O foro privilegiado, esta excrecência jurídica, retarda o indiciamento de políticos. Eduardo Cunha e Fernando Collor são os primeiros denunciados. Cadê o senador Renan Calheiros? Algum acórdão (ou conluio)?! Se de fato os políticos arrolados forem investigados e denunciados pela PGR, julgados e punidos pelo STF, teremos edificantes exemplos que contribuirão para que seja fortalecida a prática da ética na política. Empresas envolvidas na operação, para continuar trabalhando para o governo e estatais, estão celebrando acordos de leniência, pagando pesadas multas, e seus dirigentes, responsáveis pelos delitos, são condenados e presos. Por isso, julgo que as empresas ficarão, daqui pra frente, mais cuidadosas e passarão a observar atentamente os dispositivos da Lei Anticorrupção, aprovada em 2013. Depois de tudo, certamente haverá melhor ambiente de negócios e a sensação de impunidade, até então reinante, diminuirá. Em um processo de conscientização, a nação passa a demonstrar que não está...

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