No mato sem cachorro

Quem analisa o atual estágio do País é tomado de grande indignação. Temos carga tributária de países desenvolvidos e serviços públicos  dos países mais atrasados. Quem viu reportagens sobre o transporte de passageiros em trens de São Paulo e Rio de Janeiro deve estar horrorizado. Que é aquilo? É guerra. Como querer que as pessoas desempenhem bem suas funções, quando já chegam derrotadas no trabalho? Não tenho especial interesse pelo futebol. Sou torcedor de um único time. Prefiro ver jogos pela TV a ir ao estádio. Nem a seleção brasileira me motiva ou empolga.  Quando o Brasil se candidatou a sediar a copa do mundo,  a maioria deve ter julgado interessante  pelos benefícios que viriam desta competição.  Melhoria da mobilidade urbana, das comunicações, ampliação e modernização de aeroportos, entrada de divisas, etc. Em termos de mobilidade urbana, pouco se fez. Os principais aeroportos, em obras, caóticos, não ficarão prontos a tempo. Os gastos são elevados e ao final teremos alguns estádios elefantes brancos, construídos para poucos jogos. O conjunto da “obra” contribuirá para piorar a imagem do Brasil, que deixou de ser a “bola da vez”. Ainda bem que  será uma copa para brasileiros, pois turistas estrangeiros  serão poucos em vista da crise econômica na Europa. Até os  argentinos  poderão não vir, pois o país vive crise seriíssima. Para o leigo como eu, dava a impressão de que  iríamos...

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A felicidade e o trabalho

Um Relatório Especial/2013 da Forbes, Atlas da Indústria, enfocando  importantes aspectos em seis setores críticos, intitulado “A Busca da Felicidade”,  relaciona o número de horas trabalhadas/ano com a contribuição ao PIB/hora de trabalho, em vários países. Os trabalhadores norte-americanos são os mais felizes (taxa de 30% de sua força de trabalho), enquanto o PIB/hora atinge $ 63, e trabalham cerca de 1700 h/ano.  É compreensível, pois se dedicam menos ao trabalho e têm produtividade elevada, a maior do mundo. Um trabalhador americano produz por cinco brasileiros.  Já os brasileiros  são, em segundo lugar, os mais felizes,  taxa de 27%, porém trabalham mais, cerca de 1850h/ano, e têm a mais baixa produtividade. Como explicar essa felicidade? O interessante da pesquisa é constatar que alemães, franceses e holandeses são tão produtivos quanto os americanos, trabalham menos ainda, cerca de 1400 h/ano,  e apresentam baixa taxa de felicidade, alemães 15% e franceses e holandeses 9%.  Não encontrei explicação para tal fato.  Quando visitei o Japão nas décadas de 80 e 90, era o “boom” japonês. Verifiquei que os trabalhadores eram dedicados, muito produtivos,  orgulhosos dos resultados do país. O sistema de gestão lhes proporcionava grande participação e entendimento das tarefas que realizavam. Não eram robôs. Na pesquisa,  ainda são muito produtivos, trabalham tanto quanto os americanos, mas são os penúltimos  em felicidade, apenas atingem a taxa de 7%.  É surpreendente, mas a...

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Desafios do agronegócio

O agronegócio é responsável por cerca de 23% do PIB brasileiro. Contribuição maior poderia ser obtida se fossem aproveitadas   terras cultiváveis, clima propício e recursos naturais.  Há enorme potencial para  aumento da produtividade por meio de irrigação. Por exemplo,  Minas Gerais tem apenas 1/4  de terras irrigadas,  com relação a área passível de ser trabalhada. No Rio Doce, conheço apenas dois projetos de irrigação, um  de plantio de milho e capim para gado e outro de produção de grama.  Porém, há fazendas  subutilizadas, com topografia adequada,  rios caudalosos nas imediações (o Rio Doce e principais afluentes, Rios Santo Antônio, Corrente, Suaçui Grande e Pequeno, Itambacuri), clima favorável, condições propícias a projetos de irrigação. Isto viria trazer grande impulso à agropecuária, vocação natural da região. Nos dois últimos anos, choveu muito pouco. As pastagens estão degradadas, há erosões, rebanhos reduzidos pela escassez  de pastos. É impossível conduzir a atividade rural com tão baixa produtividade e resultado deficitário ao fim de cada ano. Muitas fazendas estão quase abandonadas e muitas  à venda. Ou seja, a região vive um marasmo sem precedentes. Julgo que  agentes responsáveis pelo setor deveriam ser francamente proativos. Deveriam visitar as fazendas, indicar soluções, oferecer tecnologias, ensinar a utilizá-las, como obter  créditos e ajudar a superar, sobretudo, a burocracia envolvida.  Existem tecnologias apropriadas  e crédito fácil; porém, é preciso convencer as pessoas, incentivá-las, em suma, ensinar o “caminho...

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Nunca fazem a coisa certa

A mídia tem abordado os problemas brasileiros exaustivamente. Nos meus artigos tenho narrado  maus resultados (problemas), sempre do ponto de vista da gestão da coisa pública, no caso da má gestão.  É um processo cansativo e inglório, pois nada muda. A vontade é desistir. Dos gestores, veem-se  abordagens superficiais e soluções simplistas e incompletas. Vejamos a área da saúde: o programa “mais médicos” é uma das soluções parciais. É claro que  populações de municípios carentes  se sentiram  mais amparadas. Mas pela falta de recursos locais, conforme depoimentos de participantes do programa, em situações de relativa simplicidade, a ambulância continua sendo a melhor opção, levando os pacientes para hospitais de cidades polos. A mobilidade urbana continua uma tragédia.  As inúmeras manifestações populares tiveram como motivação, entre vários temas,  o aumento da tarifa  no transporte público.  A discussão sobre aumento que motivou os integrantes do Movimento Passe Livre a iniciarem os protestos em São Paulo (que posteriormente se ampliaram por todo o País) é apenas um dos tópicos do difícil tema que é a mobilidade urbana.  A Constituição Federal, em seu artigo 30, inciso V, estabelece como competência dos municípios “organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial”. A Constituição Federal deixa claro que o município é o gestor deste serviço público essencial,...

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